Lugar de cristão é na política

Para mim a integridade do caráter e o amor ao próximo são os maiores ensinamentos entre tudo o que aprendemos com Jesus. Essa deve ser a marca de um verdadeiro cristão. Um ambiente bastante propício para colocar esses princípios em prática é na política. A bíblia diz que a nossa luz precisa brilhar para que possamos fazer boas obras na vida de outras pessoas. E eu creio que é possível ser íntegro, amar o próximo e fazer boas obras através da política.

Quando vejo hoje, por exemplo, o Centro de Saúde do Cabana, novo, acessível, nível de primeiro mundo, e me lembro como ele era no início do nosso mandato quando realizamos visitas e lutamos para que a Prefeitura construísse o equipamento no local original, vejo ali uma boa obra em que, pelo menos um pouquinho, o nosso mandato pôde somar com a comunidade e conselhos de saúde locais.

Ao ouvir relatos de moradores da Rua Papoula Vermelha, no Havaí ou da Vila Ecológica no Barreiro, que não tinham asfalto em pleno século 21 e com isso não usufruíam de serviços básicos como coleta de lixo e sequer podiam pegar um Uber na porta de casa e agora têm a dignidade que o asfalto e os serviços da prefeitura trouxeram, meu coração se enche de alegria.

Um outro princípio bíblico em que vivo intensamente na política é a unidade. Política não se faz sozinho, é preciso sabedoria, saber lidar os diferentes e conversar com diversos setores da sociedade afim de buscar o bem comum, o bem-estar coletivo.

O envolvimento político e social da igreja, principalmente após a reforma, foi a raiz dos avanços e liberdades que usufruímos hoje, como o fim do sacrifício de crianças no primeiro século, o reconhecimento e a valorização das mulheres, o direito das crianças, a abolição da escravidão, a liberdade econômica e de expressão, dentre outras diversas conquistas.

A atuação da igreja frente às tensões políticas e sociais não deve se limitar à oração. A igreja não deve ser passiva e seu envolvimento não pode ser raso. O cristão, em uma sociedade não cristã, precisa mais do que nunca pensar criticamente e começar a se engajar a partir das verdades eternas contidas nas escrituras.

Se o pastor batista Martin Luther King Jr. atuasse apenas no campo espiritual, no conforto do seu templo e não fosse para a rua e se tornasse um ativista político, talvez os Estados Unidos ainda estariam vivendo sob segregação racial.

Isso nos faz lembrar que o papel político do cristão não deve se resumir a ideologias, brigas na internet ou polarização. Precisamos ser práticos. Necessitamos assumir cargos políticos, secretarias, ministérios, governos, escolas, universidades, as artes e a cultura, a assistência social e todos os setores da sociedade. O fruto da nossa fé em Deus precisa ser objetivo e relevante nesse mundo.

E lembrem-se: lugar de cristão é onde ele quiser, inclusive na política!