Como pastor, vereador e professor de Direito Constitucional, tenho refletido cada vez mais sobre a crescente tentativa de misturar ideologias que jamais poderiam andar juntas. Uma dessas tentativas, cada vez mais comum em ambientes acadêmicos, políticos e até religiosos, é a de conciliar os princípios do marxismo com a fé cristã. Eu afirmo com toda convicção: isso não é possível. São ideias inconciliáveis.
Karl Marx baseou toda sua teoria na ideia de luta de classes. Para ele, a história da humanidade é a história do confronto entre opressores e oprimidos, a burguesia contra o proletariado, os ricos contra os pobres. Nessa lógica, o que define o ser humano não é sua individualidade ou responsabilidade pessoal, mas sua posição dentro de um grupo social. O indivíduo perde o protagonismo, e em seu lugar entra o “coletivo”, e com ele, a culpa coletiva, o ódio de classes e a divisão como método de ação.
Já na cosmovisão cristã, não é assim que as coisas funcionam. O cristianismo não nega as injustiças sociais, mas acredita que a transformação começa no coração do indivíduo. Somos todos, diante de Deus, seres únicos, com responsabilidades únicas. A Bíblia não nos ensina que somos culpados pelo que nossos antepassados fizeram ou pelo grupo ao qual pertencemos, mas sim pelo que nós escolhemos fazer. A salvação, o arrependimento, a redenção, tudo é individual. Não há espaço para “culpa hereditária” ou para o linchamento moral de quem pensa diferente.
O marxismo, em sua essência, também se opõe frontalmente aos valores familiares, à fé, ao livre arbítrio e à ideia de um Deus soberano. Marx não apenas era ateu, mas enxergava a religião como “ópio do povo”, algo que deveria ser extinto para que o “novo homem” pudesse surgir. Esse “novo homem” que ele propõe é fruto do Estado, da coletividade, da revolução. Já o homem cristão é nova criatura pela graça de Deus, não pelo decreto de um partido.
Não é à toa que os regimes marxistas que surgiram no século XX perseguiram cristãos, fecharam igrejas, baniram a Bíblia e mataram milhões de inocentes em nome da revolução. A história nos mostra que onde o marxismo entra, a liberdade sai pela porta dos fundos, especialmente a liberdade de consciência e de culto.
Dizer que é possível ser cristão e marxista ao mesmo tempo é, no mínimo, desconhecer profundamente uma das duas doutrinas, ou talvez as duas. É tentar unir luz com trevas, cruz com foice e martelo, Evangelho com revolução. Isso não apenas é ilógico; é perigoso.
Hoje, quando vemos partidos de esquerda tentando se aproximar dos evangélicos por meio de cursos, falas ensaiadas e campanhas estratégicas, é preciso fazer esse alerta com clareza e firmeza. Não se deixe enganar. Quem defende o aborto, a ideologia de gênero, a desconstrução da família e o relativismo moral não representa o Evangelho.
Na política e na fé, é preciso ter lado. E o meu lado é o da vida, da liberdade, da verdade e da responsabilidade individual diante de Deus. É o lado da fé que transforma, e não da ideologia que escraviza.
Não dá para servir a dois senhores. Escolha em quem você crê. Eu já fiz a minha escolha. Sempre a favor da vida!