Irlan MeloAdvogado, teólogo, professor universitário e vereador de BH eleito para seu segundo mandato como o 8° vereador mais votado de BH

O carnaval e a política do pão e circo

Publicado em 25/02/2023 às 06:00.

Durante o Império Romano, eram organizados grandes banquetes e eventos, com teatro, corridas de cavalo e os famosos, porém infames, jogos gladiatoriais. Os jogos eram públicos e gratuitos, e frequentados tanto pelas posições sociais mais privilegiadas da sociedade romana quanto das camadas sociais mais baixas, também conhecida como plebe. Esse costume bancado pelos Imperadores tinha como pano de fundo uma estratégia política: a política do Pão e Circo.

A plebe era a classe mais inferior da sociedade romana. Representavam a maioria da população e eram trabalhadores e camponeses. Contudo, por compor a grande maioria da população, mesmo sem direitos políticos, a plebe tinha um grande valor político, daí se deu a necessidade da política do Pão e Circo.

A política do Pão e Circo tinha como objetivo o apaziguamento da população, na sua maioria, da plebe, através da promoção de grandes banquetes, festas e eventos esportivos e artísticos, assim como distribuição de alimentos.

Esses eventos tinham a função de entreter a plebe e aumentar a popularidade dos líderes romanos. Essa velha forma de fazer política é comum em BH e em todo o Brasil e na época do carnaval isso fica ainda mais evidente. Em tempo de folia, os governantes ignoram todos os problemas e focam na festa. E no embalo desse bloquinho, não só os políticos, mas a imprensa também dá um pause e vende a imagem do brasileiro como o povo mais feliz da face da terra.

Tudo isso para entreter e fazer a população esquecer, nem que seja por um tempo, de todos os seus sofrimentos. Não se fala de máscaras, de covid, dos ônibus em péssimas condições, do péssimo atendimento na área da saúde, da corrupção e das dezenas de mortos e assolados pelas chuvas, principalmente no litoral de São Paulo.

Quase R$ 25 milhões foram gastos pela prefeitura para o Carnaval de BH. Dinheiro que daria para revitalizar centenas de praças, comprar dezenas de ônibus, reformar e construir centros de saúde e muito mais. Sem contar o rastro de prejuízos que a folia deixa por toda a cidade. Apedrejamentos, saques, confusões generalizadas como a que aconteceu na Savassi, tumultos, tiroteios, e até morte, como a do adolescente no centro da capital. Quem é da área da saúde sabe o que acontece nas emergências nos dias de festa.

Como dizem que o ano só começa depois do carnaval, o que nos resta é contabilizar os prejuízos e retomar a vida real.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por