As mineradoras em Minas Gerais fazem o que querem. Têm o péssimo costume de enrolar e saírem impunes frente aos crimes ambientais e assassinatos que vêm praticando nas terras mineiras há séculos. Se valem do poder aquisitivo e das brechas da lei para perpetuarem seus legados de desrespeito à vida.
Não cumprem acordos, não se preocupam com a segurança das suas barragens, não pagam multas, não se importam com as famílias, com funcionários e com a natureza. Simplesmente ignoram a tudo e a todos e continuam com seus lucros bilionários. Apenas a Vale, por exemplo, no 2º trimestre de 2021 registrou R$ 40 bilhões de lucro líquido.
A Vallourec ainda não pagou a multa de R$ 288 milhões aplicada pelo governo de Minas pelo deslizamento de talude da Mina de Pau Branco, em Nova Lima. A mineradora entrou com um recurso na Justiça a poucas horas de vencer o prazo, em 31/1.
A nova fonte de captação do Rio Paraopeba que tanto lutamos para pressionar a Vale até que ela fosse obrigada a construir foi prometida para setembro de 2020, depois foi adiada para setembro de 2021 e, até agora, nada!
O descomissionamento - que consiste em esvaziar as áreas que armazenam rejeitos, encerrando o uso da barragem e reincorporando a estrutura ao relevo e ao meio ambiente - prometido pela Vale em 2019 não será feito nos próximos 10 anos.
Além de toda exploração das nossas terras e seus impactos ambientais, cidades inteiras vivem com o fantasma do rompimento de barragens. A tragédia de Mariana que destruiu cidades inteiras e matou o Rio Doce completará sete anos e nada. Brumadinho e região, bem como o Rio Paraopeba, sofrem há três anos e nada.
Qual será a próxima cidade e o próximo rio? Não estou praguejando, mas como o poder público ainda não aprendeu a lição, ficamos à mercê das mineradoras e contamos apenas com a sorte, as preces e a caridade das pessoas.
Se nós tivermos o rompimento de alguma barragem que atinja o Rio das Velhas, em menos de 10 minutos Belo Horizonte fica sem água! É impressionante ver a inércia dos órgãos de controle e dos nossos governantes frente uma possibilidade tão assustadora.
O poder público do nosso Estado precisa agir: governo, Ministério Público, Justiça, OAB, prefeituras… ninguém se posiciona. Temos novas tragédias a caminho, infelizmente. Até quando?