Carrossel holandês: conheça seu adversário

Na década de 70, o time do Ajax era o Barcelona dos dias atuais. Também era a base da Seleção Holandesa, que ficou conhecida na Copa de 1974 como o “Carrossel Holandês”. E muitas pessoas são levadas a crer que essa expressão se refere à habilidade com que os zagueiros corriam em direção ao meio do campo para forçar o impedimento do adversário.

Primeiramente convém esclarecer que aquele time, também chamado de “Laranja Mecânica”, não tinha zagueiros. “Ãh! O quê?!” Isso mesmo: não tinha zagueiros, nem laterais, nem meio-campistas, etc. Se o espião enviado pelo nosso treinador tivesse entendido isso, conheceria melhor o adversário.

Ele relatou ao Velho Lobo Zagalo que os holandeses tinham um time desorganizado, semelhante a peladeiros. Com exceção do goleiro e de um tal de Cruyff, sempre no ataque, os demais atletas pareciam não saber a posição tática deles. E se colocam em qualquer lugar do campo.

O tal do Cruyff foi aclamado naquele ano como o novo Rei do Futebol. E a aparente confusão dos atletas era a essência do “Carrossel”, esquema tático criado e desenvolvido pelo treinador Rinus Michels. Os jogadores rodavam em campo, trocando entre si as posições de zagueiro com o lateral-direito, este com o ponta-direita, e assim por diante. Ah! Observação importante: naquela época havia ponta-direita e ponta-esquerda. 

Com esse informe equivocado sobre o adversário, nossos atletas entraram em campo pensando que realmente enfrentariam peladeiros. Mas, uma vez “ligado o Carrossel”, somado à habilidade de a defesa forçar impedimento, que de fato era outra característica dos holandeses, acabamos derrotados por 2x0. Na entrevista pós-jogo, tal como um general derrotado por causa de informações imprecisas, Zagalo desabafou: “Eu não sabia que a Holanda estava batendo esse bolão”.

Que esse “causo futebolístico” nos sirva de lição sobre a importância de conhecermos nosso adversário. E, nas provas do Enem e dos concursos, quem é ele? O leitor ou a leitora pode ser levado a pensar que é o colega que assenta ao lado. Ou, nesses tempos de pandemia, o colega que acessa o “chat online”.
Nada disso. O primeiro adversário a ser vencido, aquele que pode “ligar o carrossel” e te deixar confuso, é você mesmo. Então, conheça a si mesmo, nas suas potencialidades e limitações. Esse é o primeiro passo para o sucesso, em tudo na vida. 
A todos eu desejo bons estudos.