José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Depois de 15 concursos, aprendendo a ensinar

22/04/2017 às 16:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:14

Em mais de dez anos de magistério jurídico, encontrei colegas com muita dificuldade de lecionar. Nas palavras de muitos alunos, há professores que “sabem, mas não sabem ensinar”. É por isso que, ao iniciar meu curso de mestrado, minha escolha não foi na área de Direito e sim em Ciência da Educação. E aqui estou na Argentina, cumprindo a penúltima etapa da minha tese.

Essa trajetória teve início em 1993, quando me formei na UFMG. A inspiração para lecionar veio do Professor Alexandre Mafra, Desembargador do TJMJ, a quem dedico este artigo. Eu nunca o vi com uma única expressão de raiva durante as aulas. Ele tinha a serenidade de um sábio e o conhecimento de um gênio. Quando chegar o fim da minha existência terrena, caso eu alcance uns dez por cento das virtudes dele, já me darei por satisfeito.

O primeiro grande passo para me tornar professor foi quando, recém formado, passei a lecionar noções de Direito para concursos. Com essa oportunidade, e mais a inspiração do Professor Mafra, fiz minha primeira especialização para o magistério jurídico. Depois vieram as aprovações em quinze concursos. Para alguns deles, eu lecionava e também me preparava para a prova. Durante as aulas, minha piada pronta era esta: “passei porque não pegava bem eu lecionar e ser reprovado”.

Em 2005, passei a lecionar Direito Penal, Processo Penal e Direito Administrativo. Mais recentemente iniciei o mestrado em Ciência da Educação. Minha tese, caso seja aprovada, abordará o ensino jurídico. Será uma coletânea das técnicas desenvolvidas por advogados que se tornaram professores. Aos relatos empíricos, acrescentarei formulações teóricas, de modo que a obra seja um guia para quem pretenda ingressar nesse fascinante mundo do magistério jurídico.

Na minha memória, a síntese da arte de lecionar está na figura do Professor Mafra. Depois de muitos “causos” do TJMG, ele seguia disposto a ensinar. Depois de muitas aulas, seguia disposto a ouvir, com uma imensa vontade de aprender, mesmo sendo professor. Tal como ele, aqui estou na Argentina; e, depois de quinze concursos, sigo aprendendo a ensinar.

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