José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Meditar é preciso

Publicado em 16/02/2022 às 06:00.

No último artigo desta coluna eu destaquei as virtudes do Pelé, que lhe propiciaram otimizar a performance de atleta. Não é por acaso que a Fifa lhe deu o título de melhor jogador do século XX. E, mesmo sem ter disputado as Olimpíadas, também foi premiado pelo COI como o atleta do século.

Entre essas virtudes, merece destaque a meditação que ele fazia às vésperas de um jogo. Após os treinos na Vila Belmiro, ele dava voltas no gramado e pensava no adversário a ser enfrentado. Lembrava-se dos dribles que já havia feito e criava mentalmente novas fintas pra surpreender o oponente.

Isso também vale para os estudos. Então, inclua pausas diárias para fechar os livros e meditar sobre o seu aprendizado. E faça os exercícios de revisão. Afinal, não é por acaso que a história da Pedagogia registra a prática centenária, talvez milenar, de se encerrar uma aula com tarefas para o aluno cumprir como atividade extraclasse.

Nos primeiros anos escolares, as crianças têm um entusiasmo peculiar com essas atividades, carinhosamente chamadas de “para casa”. De fato, essas revisões são importantíssimas para fixar o aprendizado.

Afinal, estima-se que, ao longo da vida, gravamos cerca de 50% de tudo que ouvimos durante uma aula. Mas, passados 3 dias, nos esquecemos de quase tudo se não fizermos as revisões. Fazendo-as, gravamos 70% de todo o conteúdo da aula. Mas não gravamos para a prova. Gravamos para o resto da vida.

Então, a exemplo do Pelé que, após os treinos dava voltas no gramado pensando no adversário a ser enfrentado, faça você também esse “plus” nas suas aulas, revisando os conteúdos aprendidos.

Mas não se esqueça da carga de estudos. Não fique só na meditação. Não faça como naquela anedota do monge que convocou dois discípulos para subir o Himalaia e meditar. Chegando lá de madrugada, sentaram-se na posição de ioga e ficaram em completo silêncio.

E eis que um dos discípulos, quando amanheceu, decidiu romper o silêncio para comentar: “Eh, está frio”. E o silêncio voltou a perdurar até o meio do dia. Foi quando o outro discípulo respondeu: “Sim, está frio mesmo”.

Até o final da tarde ninguém disse mais nada. Mas, quando começou a anoitecer, o monge se levantou em protesto e começou a descer a montanha. E os discípulos, sem entenderem o que ocorrera, perguntaram:

- Mestre, aonde vai?

- Eu vou-me embora. Nós viemos aqui para meditar. Mas vocês estão conversando sem parar.

A todos, subindo ou não o Himalaia, desejo bons estudos.        

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