“Não me leve a mal, hoje é carnaval”

Uma das músicas que faz sucesso há muitos carnavais foi composta por Zé Keti em 1966. E, na voz maravilhosa de Dalva de Oliveira, transformou-se, de uma simples marchinha, em um verdadeiro hino carnavalesco.

Os versos contam a história de um Pierrot que encontrou a mesma foliã, usando a mesma máscara negra do “carnaval que passou”. Então anuncia que vai beijá-la, e pede que ela não o leve a mal.

E se o beijo não for consentido? Poderia aquele Pierrot, com o argumento de que “hoje é carnaval”, beijar a foliã mediante o uso da força? Obviamente que não. E se for o contrário? Se ela forçar um beijo contra a vontade dele? A resposta também é não.

Em ambos os casos, supondo que há uma intenção libidinosa, como é comum no carnaval, o beijo forçado faz consumar o crime de estupro, com pena de 6 a 10 anos de reclusão (artigo 213 do Código Penal).

Então, se o folião ou a foliã do seu encanto disser “não”, é não mesmo. Fora esse detalhe, se os seus princípios não condenam a festa momesca, brinque alegremente no carnaval. Mas, assim como devemos ser moderados nos beijos, limitando-nos apenas aos consentidos, sejamos também moderados na folia.

Você não precisa dançar desde a noite de sábado até meio-dia de quarta-feira. Seu corpo não aguentaria esse ritmo. E se você se mantém animado desde o início do ano, na preparação para um concurso ou para o Enem, não deixe que o carnaval te desvie totalmente do seu projeto de estudos.

É perfeitamente possível planejar a sua folia, intercalando-a com horas de descanso e de estudos. Assim agindo, e mantendo seu ritmo de estudos até o próximo carnaval, quem sabe você encontrará novamente aquela mesma foliã, com a mesma máscara negra?

E você poderá cantar uma paródia do clássico carnavalesco. Depois de declarar que “foi bom te ver outra vez”, e relembrar que “tá fazendo um ano”, porque o último encontro foi “no carnaval que passou”, continue assim: Eu sou aquele aluno / Que estudou / Também brincou, meu amor.

E, quanto à “mesma máscara negra que esconde seu rosto”, mate a saudade assim: Eu passei na prova / Vem comemorar / Hoje é carnaval.

A todos eu desejo bom carnaval e bons estudos.

*José Roberto Lima é advogado, professor da Faculdade Promove, autor de “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras