José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Não permiti e não proibi

12/05/2020 às 22:58.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:29

Com o agravamento dos casos da Codiv-19, o governo federal adotou a estratégia política de apontar como culpados os governantes dos estados e municípios. A troca no comando do Ministério da Saúde indica essa tentativa.

Se antes havia uma diretriz ministerial de observância às recomendações da Ciência, agora temos o ministro Nelson Teich, de poucas deliberações, sempre um passo atrás em relação ao crescimento exponencial das infecções.

Numa das suas entrevistas, perguntado sobre intensificar ou abrandar o isolamento social, ele sugeriu que não recomenda a intensidade e nem o abrandamento. Ora, senhor ministro. Ora, doutor Teich. Esperamos uma decisão.

Isso faz lembrar um dos “causos” na Polícia Federal (hum... já vem o Professor Roberto com os seus “causos’). Foi um processo disciplinar contra um delegado, numa conhecida capital deste Brasilzão (conto o milagre, mas não conto o santo; e também não conto a cidade).

O chefe do plantão foi até a portaria de um evento, onde estava um agente que fora impedido de ali entrar. Pausa no “causo”: será que nós, policiais, temos livre acesso aos locais onde se cobra ingresso? Ainda vou escrever um artigo sobre isso.

O clima já estava tenso, com o escândalo formado. E a multidão ao redor assistindo a tudo, como se fosse um Big Brother ao vivo. E o delegado decidiu dar voz de prisão ao porteiro.

Somente ao chegar à delegacia o tal porteiro decidiu identificar-se como oficial de alta patente da Polícia Militar do Estado de... (também não vou dizer o Estado). E eis a semelhança com o ministro Nelson Teich: perguntado se havia impedido a entrada do agente, respondeu que não. E, perguntado se permitiu a entrada, também respondeu que não.

Quando eu o ouvi no processo disciplinar, repeti as mesmas perguntas. E ele reafirmou que nem impediu e nem permitiu a entrada. Aí, eu fiz uma terceira pergunta: “Então, o que o senhor estava fazendo na portaria”?

E agora, respeitosamente, eu faço a mesma pergunta ao ministro: se a recomendação não é de intensificar e nem de abrandar o isolamento, o que o senhor está fazendo no Ministério da Saúde?
Mudando o rumo dessa prosa... eu desejo bons estudos para todos.

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