José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

O caminho do 'Céu' é como o 'céu' caminha?

Publicado em 26/03/2025 às 06:00.


Vivemos num tempo de intolerância. Até parece que estamos no final da Idade Média, quando o poder da Igreja era, na prática, superior aos reis e imperadores. E levavam para a fogueira quem se atrevesse a discordar dos dogmas religiosos.

Por outro lado, movimentos filosóficos como o Iluminismo fizeram triunfar a razão. E o auge dessas conquistas foi a liberdade para cada um seguir a religião que lhe aprouver; ou mesmo não ter religião.

Isso não deveria trazer conflitos entre a Ciência e as diversas denominações religiosas. Afinal, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a maioria dos cientistas não é ateu. Einstein, por exemplo, disse que "sem Deus, o Universo não é explicável satisfatoriamente".

Mas, infelizmente, os tempos de intolerância voltaram a partir do século XX. Nesse sentido, são por demais conhecidas e odiosas as perseguições e crueldades durante a Segunda Grande Guerra. Naquela mesma época, apenas para citar um país que não se envolveu diretamente no conflito, o generalíssimo Franco proibiu as pessoas de falarem Catalão, Basco, Gallego ou qualquer outro idioma diferente do espanhol.

Nessas primeiras décadas do século XXI tudo se agravou. E parece que estamos mesmo mergulhados no medievalismo. Não é por acaso que, além do negacionismo científico, não conseguimos chegar a um acordo nem quanto a um dado matemático sobre o número de pessoas que compareceram a uma manifestação política. Os números variaram de 18 mil a 400 mil, conforme o gosto ideológico.

E os estudos? Onde ficam os estudos nesse contexto? Mais do que nunca, precisamos prestigiar e premiar quem persiste estudando. Precisamos incentivar os cientistas e pesquisadores.

São eles que, dia a dia, se esforçam e propõem soluções para os problemas enfrentados pela humanidade. Se pararmos com os negacionismos que os desvalorizam, daremos um importante passo para o resgaste da tolerância e da convivência pacífica.

E quanto à harmonia entre ciência e religião, voltemos ao título deste artigo. E pensemos numa das frases de Galileu Galilei, condenado pela Igreja por dizer que a Terra se move em torno do Sol. Sem desprestigiar as convicções religiosas, também não negou a Ciência. Eis o que ele disse (e observe a letra inicial na palavra “céu”): "A Igreja sabe o caminho do Céu, mas não sabe como o céu caminha".

A todos, desejo tolerância e bons estudos.

* José Roberto Lima é advogado, delegado federal aposentado, mestre em Educação, professor da Faculdade Promove e autor de “Como Passei em 16 Concursos”. Escreve nesse espaço às quartas-feiras.

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