Cerca de meio milhão de estudantes não saem do “zero” na prova de redação do Enem. A redação é também um terror para muitos candidatos nos concursos em que há questões discursivas.
Esse pode ser o drama até de alunos bem preparados, mas que não desenvolveram o hábito da leitura e da escrita. E, diante de um tema proposto, tendem a acrescentar ideias que não foram escritas. E entram em desespero diante da folha de papel em branco.
Eis algumas dicas que te ajudarão: 1) desenvolva o gosto de ler e escrever; 2) atenha-se ao tema proposto, sem acrescentar dados que não estão escritos na questão; 3) aproxime a língua falada da língua escrita (sei que isso é difícil na Língua Portuguesa, mas esforce-se para fazer essa aproximação); 4) construa períodos gramaticais curtos e claros, evitando termos explicativos que podem ser anotados na oração seguinte.
E a dica mais importante: vá além do óbvio. Não se limite a transcrever uma norma ou um trecho da questão proposta. Acrescente emoção ao seu discurso.
Faça como o sujeito que se deparou com um cantor cego, perto da entrada do Museu do Louvre, em Paris. Numa placa, ao lado de um chapéu, estava escrito: “je suis aveugle, donnez-moi l’aumône” (sou cego, dê-me uma esmola).
Ao dialogar com o cantor, ele ouviu a queixa de que ninguém se condoía daquela situação. Passavam os dias e as horas e, no entanto, o chapéu ficava vazio. Então, aquele turista pediu para reescrever a frase.
Em seguida, entrou no museu e ali passou o resto da manhã. Ao voltar até a mesma entrada, perguntou ao músico se a nova frase havia dado resultado. E ouviu o mais entusiasmado agradecimento.
- Agora as pessoas enchem o chapéu de dinheiro. Já o esvaziei várias vezes, porque fica transbordando de notas rapidamente. Que milagre você conseguiu! O que, afinal, você escreveu na placa? Você explicou que eu sou cego?
- Não. Dizer que você é cego é o óbvio. Eu fui além disso.
- Então, me diga. Que frase milagrosa é essa?
- Eu escrevi assim: “c’est le printemps à paris, et je ne peux pas voir” (é primavera em paris, e eu não posso ver).
Assim também deve ser um boa redação: um texto capaz de emocionar o leitor. Quem a corrigirá não espera que você resolva todos os problemas da humanidade a partir das suas ideias. Mas é necessário ir além do óbvio.
A todos eu desejo bons estudos.