José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

O concurseiro e a gringolândia

27/04/2021 às 17:00.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:47

 No último dia 10 de março eu escrevi nesta coluna o artigo “Ela falou francês no concurso? Moi Aussi”. Lembrei o “causo” do juiz trabalhista Haroldo Plínio, o melhor professor que eu já tive. Ele é minha fonte de inspiração nas minhas duas décadas de magistério.

 Iniciada uma audiência, em que seria ouvida uma cidadã árabe, o advogado alegou que ela não entendia o português, embora fosse fluente em francês. E o juiz não teve dúvida: “Então, ela entende francês?”

 - Sim – respondeu o defensor.

 E o juiz comentou: “Moi aussi”, que significa “eu também”.

 Contando esse episódio durante uma aula, o professor Haroldo Plínio disse ironicamente que não entendeu a mágica que se seguiu. Porque, “quando eu disse ‘moi aussi’... a gringa aprendeu a falar português na mesma hora”.

 Naquele artigo eu recomendei a você, que sonha em passar num concurso de prestígio, que esteja preparado para “causos” como esse. Afinal, com a globalização, tem sido comum a presença de estrangeiros nas repartições públicas.

 Assim, quando você atender um gringo no Brasil, seja o mais urbano possível. E, nos seus passeios internacionais com a família, seja muito mais que urbano: seja diplomata.

 E, estando num país de língua espanhola, pergunte “¿quién es mejor en el fútbol?” Se o país for de língua inglesa, pergunte “who is better in soccer?”. Se for na França, “qui est meilleur au football?”.

 Em todos esses casos, diga ao interlocutor que o país dele é melhor no futebol. Invariavelmente o gringo fica surpreso ao ouvir esse comentário, feito por um brasileiro, que tem o futebol na alma. E ele pergunta intrigado: “¿Por qué tú piensas así? “, ou “why do you think this?” ou “parce que tu penses comme ça?”.

 E eis a resposta na pinta:

 - Eu penso assim porque estou no seu país. Você pensa que eu sou bobo de dizer o contrário? E cuidado para não acrescentar em mineirês: “Cê besta! Num quero briga com cê não”. Porque, se você falar assim, terá de explicar essa frase. E nem mesmo os brasileiros fora de Minas a entendem.

 E, já que falei em mineirês... desejo pra oceis todos bãos estudos.

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