Uma derrota é sempre amarga. Mais do que isto: algumas derrotas podem ser vexatórias, tal como a disputa contra a Alemanha pelas semifinais da Copa. Mesmo assim, quem deseja retornar ao caminho das vitórias deve refletir sobre os erros de estratégia e verificar onde falhou nos detalhes táticos.
Essa tarefa deve abranger o passado para a compreensão dos resultados atuais, planejando-se, assim, o futuro. Então, se voltarmos ao ano de 2006, veremos a Alemanha eliminada nas semifinais, jogando em seu próprio país. Você acha que, 8 anos depois, eles chegaram à grande final por acaso? Claro que não. Afinal, a atual seleção alemã não foi montada às pressas. O improviso deu lugar ao planejamento.
Para compreender nosso fracasso, façamos um comparativo entre as seleções de 2010 e 2014. Naquela Copa da África do Sul o técnico Dunga disseminou alta tensão entre nossos atletas. Ele, que já tinha a fama de bravo desde a Copa de 1994, parecia o líder capaz de fazer algo diferente de nosso fracasso em 2006. Numa das partidas, inconformado com a arbitragem, ele chegou a golpear a própria mão numa mureta próxima ao banco de reservas, ferindo a si mesmo. Resultado: todos os atletas ficaram tensos e, por isso, passaram a cometer erros que normalmente não cometeriam.
O extremo oposto ocorreu na Copa atual. O técnico Luiz Felipe Scolari, para demonstrar que estava tudo calmo, chegou a dizer que dormiu durante uma viagem de poucos minutos, dentro de um helicóptero. Quando chamaram a Dra. Regina Brandão, competente psicóloga, era tarde: nossos atletas já estavam calmos demais. O resultado foi o mesmo: cometimento de erros que normalmente eles não cometeriam.
Um vencedor não pode se colocar nos extremos. Muita tensão leva ao fracasso. Ausência total de tensão, idem. Na minha experiência decenal de magistério conheci alunos que fracassaram por causa desses extremos. Então, se o seu negócio é aumentar suas chances num concurso público, siga empenhado nos estudos, não desanime nos primeiros tropeços e, sobretudo, mantenha o equilíbrio emocional. Evite a tensão de 2010, evite o apagão de 2014.