José Roberto LimaAdvogado, professor e palestrante, com a experiência de quem foi aprovado em 15 concursos públicos.

Vini Júnior, racismo e...

Publicado em 31/05/2023 às 06:00.

O que motivou os racistas espanhóis a ofenderem o atleta Vini Júnior? É evidente que a resposta se refere à etnia daquele grande craque brasileiro. Mas – caro leitor ou cara leitora – acompanhe esse texto até o final e você descobrirá outro motivo dessas ofensas.

Os noticiários, sobretudo o vídeo divulgado pelo próprio Vini Júnior, deixam claro que as “injúrias raciais” vem sendo praticadas há bastante tempo. E eu uso a expressão “injúria racial” para lembrar que, em recente decisão do STF, com aprovação unânime do voto do Ministro Edson Fachin, a injúria racial foi equiparada a uma das espécies de racismo.

Disso decorre que uma ofensa verbal de conteúdo racista passou a ser inafiançável e imprescritível. Então, foi-se o tempo em que uma discussão de botequim, em que alguém fazia pouco caso da etnia alheia, resultava num boletim policial sem maiores consequências. Agora o desfecho é prisão em flagrante, sem direito à fiança para responder ao processo em liberdade.

Tomara que a Espanha tenha uma legislação semelhante à nossa. E que lá a aplicação da lei seja mais eficiente que no Brasil. Mas, voltando ao tema daquilo que vai além do racismo, vejamos outro motivo que levou vários torcedores a ofenderem o Vini Júnior.

Refiro-me ao fato de ele ter habilidades futebolísticas muito acima da média. Se ele fosse apenas mais um jogador, não despertaria esse sentimento inconfessável da inveja. É por causa dos talentos dele que as ofensas racistas foram potencializadas.

Ah... a inveja. Já vi muitos concurseiros enfrentarem as mais terríveis hostilidades, pela simples possibilidade de se darem bem numa prova. Já ouvi confidências que vão desde  uma palavra de pessimismo até a escala de serviço para inviabilizar o comparecimento de um subordinado ao local da prova, só por ser um dos candidatos.

Então - caro Vini Júnior - seus ofensores não são apenas racistas, o que já é de alta reprovabilidade. No fundo, seus ofensores se incomodam com as suas notáveis habilidades. A maioria deles é um bando de invejosos.

Noutros tempos, eu daria o seguinte conselho ao Vini Júnior a todas as pessoas que são vítimas de racismo: “Siga desenvolvendo o seu talento e não ligue para essas ofensas”. Mas, no mundo atual, as injúrias tornaram-se mais graves, sobretudo nas redes sociais. Então, aconselho assim: “Siga desenvolvendo o seu talento, mas não tolere nenhuma conduta de preconceito, nem racial e nem de nenhuma outra forma. 

A todos, desejo bons estudos.

*José Roberto Lima é advogado, professor da Faculdade Promove, autor de “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.

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