Uma amiga me enviou a foto de uma orquídea. Ela disse que foi em comemoração aos 500 artigos que completamos na última semana. Então, pedi que ela continue me enviando a sequência de fotos, até a flor desabrochar. Porque a foto coube na ponta de um dedo.
Ocorre que eu não me dei conta de que se trata de uma mini orquídea, cuja flor já desabrochou. Assim, ao me explicar esse importante detalhe, ela quase comentou: “Roberto, você entende de estudar para concursos e Enem, mas não entende nada de orquídea”.
Ah, são tantas as coisas sobre as quais eu não entendo...! Afinal, ninguém sabe de tudo. Mas não se pensava assim no antigo Império Romano.
Ao final de um curso reservado para a elite romana, o próprio César proclamava que os formandos (chamados de jurisconsultos) eram “conhecedores de todas as coisas divinas e terrenas”. Mas, apesar da expressão “jurisconsulto” induzir à ideia de Direito e advocacia, aquelas escolas eram de formação geral.
Esse era o sentido de “juris” (reto, certo) e “consulto” (o consultor). Aquele que dá a consulta certa. E, embora eles pudessem opinar sobre qualquer assunto, preferiam atuar na Medicina, Política, Arte Militar, Sacerdócio Religioso e, claro, também no Direito.
A própria ideia de “universidade”, subdividida em faculdades dedicadas a uma formação específica, é algo que só começou a se constituir no final da Idade Média. Por outro lado, até os dias de hoje, embora não se exija que um médico saiba além da Medicina, ou que um engenheiro saiba além da Engenharia, as pessoas esperam que um advogado resolva coisas além do Direito.
Até aí não há muitos problemas. Basta explicar ao cliente que, para determinados assuntos, contaremos com a ajuda de um perito indicado pelo juiz. O problema começa quando um advogado, tomado por vaidade, passa a acreditar que realmente é conhecedor de todas as coisas.
Então - minha amiga da orquídea - que bom! Você indicou uma coisa sobre a qual eu não entendo mesmo. O que eu entendo é um pouco de Direito e quase muito de Pedagogia.
É assim que, ensinando meus alunos a aprenderem, aprendo com eles a ensinar. E já perdi a conta dos que ajudei a passar num concurso, na OAB, no Enem, etc.
Desejo a todos bons estudos.
* Advogado, delegado federal aposentado, professor das Faculdades Promove e mestre em Educação. Autor dos livros “Como passei em 16 concursos” e “Pedagogia do Advogado”. Escreve neste espaço às quartas-feiras.