Os postes de Belo Horizonte, especialmente nas regiões Centro e Centro-Sul, vêm sendo utilizados para fixar cartazes com propostas de vendas de casas e apartamentos financiados para pessoas com crédito negativado, com taxa de juros de apenas 1% ao mês. Os valores para financiamento vão de R$ 100 mil a R$2 milhões de reais, sendo necessário para a obtenção do crédito somente a comprovação de renda e uma ‘’pequena’’ entrada. Nesses cartazes, constam apenas números de telefones celulares. É lamentável, mas vários incautos vêm transferindo o valor da entrada para os criminosos que depois somem, transformando o esperançoso em vítima.
Vamos à lógica, pois não existe milagre. Ninguém financia para ter prejuízo, pois os bancos que financiam imóveis a taxa de 10 a 12% ao ano, só conseguem fazer isso porque captam os recursos a baixo custo – do FGTS que paga 3% aa. e da Caderneta Poupança que paga em torno de 7% aa –, não tendo como uma empresa ou particular oferecer essas condições com recursos próprios. Se um banco financia a alguém que não paga, com certeza haverá prejuízo. Por isso, ninguém em sã consciência empresta para pessoas com nomes negativados, diante do fator de risco com a inadimplência.
Mas foge à razão acreditar nesses cartazes. Infelizmente, a todo dia a polícia tem atendido a novas ocorrências de golpes. É necessária uma estrutura enorme para que uma empresa passe a funcionar como agente financeiro, como departamento jurídico, análise de riscos, atendimento a clientes de financiamento e investidores, enfim, uma infinidade de funções necessárias à administração daquele negócio. Ao contrário dos anúncios, que dispõe tão somente de telefones móveis de todas as operadoras e um atendente bem articulado, que consegue convencer suas vítimas de ser aquele um negócio da China.
Essa é a estrutura básica do crime de estelionato. Uma proposta que parece vantajosa, facilidades para obter bens e uma vítima iludida. O dinheiro dessa vítima facilmente troca de mãos e some. E raramente é encontrado, pela facilidade de se descartar uma linha de telefone pré-pago e pela agilidade de fuga dos estelionatários. São realmente profissionais e vivem do crime, aptos a lesar qualquer pessoa que esteja disposta a ouvir suas investidas, especialmente se essa gosta de levar vantagem.
Desconfie, sempre. Na dúvida, oriente-se com um advogado especializado antes que transfira qualquer quantia e venha a ter que se orientar com a polícia.