Avenida Monte Verde (Eliria Buso)
Nota: Em relação ao meu artigo publicado na semana passada sobre o turismo em Monte Verde, em minha coluna do Jornal Hoje em Dia, respeitando a democracia da comunicação, segue o artigo da MOVE dando o direito de resposta. Gostaria de registrar que algo deveria ser feito para alertar aos empresários e principalmente aos turistas o atual estado do turismo no Distrito de Monte Verde.
No início de março, a imprensa noticiou o crescimento de 2,9% da economia brasileira em 2022, uma alta sustentada pelo setor de serviços, com o turismo puxando a recuperação após os profundos impactos causados pela pandemia. O resultado, ainda que modesto, alimentou e mantém o otimismo do empresariado e da comunidade que entende que toda e qualquer melhoria depende de planejamento, engajamento, recursos financeiros e tempo. É verdade que nem tudo é como e quando gostaríamos que fosse, mas nada é mais ineficiente do que o engenheiro de obra pronta.
Sem deixar de olhar para o copo meio vazio, lembrar do copo meio cheio nos traz o conforto de que todo esforço vale a pena. Não foi à toa que Monte Verde foi eleito, no ano passado, o destino mais acolhedor do Brasil em lista divulgada pela Booking.com, na 10ª edição do prêmio anual Traveller Review Awards, que se baseou em mais de 232 milhões de avaliações verificadas de viajantes reais. O distrito permaneceu entre os mais acolhedores na edição deste ano.
Antes de comparar Monte Verde a outros pontos turísticos do país, é preciso lembrar que nosso destino foi apontado pelo Ministério do Turismo como exemplo nacional no âmbito da retomada do turismo, sendo referência em modelo de gestão para muitos lugares, como Ilhabela, Amparo e Socorro. Quando pensamos em turismo ecológico, vale ressaltar que temos a maior frota do Sudeste de carros 4x4 e quadriciclos, e fomos os pioneiros na formação de mais de 50 guias com curso de competência mínima de condutor.
No que se refere à segurança, talvez muitos ainda não saibam, mas Monte Verde é o único distrito de Minas Gerais com pelotão permanente da Polícia Militar, com reforço de homens e viaturas nos períodos de alta temporada.
O calendário anual de eventos está sendo elaborado em parceria com o Sebrae. Todo novo projeto precisa de planejamento, engajamento, tempo e dinheiro. Entre acertos e erros, o Natal das Montanhas, que já chegou à sua quarta edição, tem sido uma oportunidade de muitos aprendizados, dos quais os pontos positivos certamente serão replicados em outros eventos para atrair a visitação ao longo do ano, sem que ninguém fique refém do frio do Sul de Minas.
Há consciência de que muito ainda precisa ser feito para que Monte Verde esteja na lista de destinos dos turistas, que não são poucos: mais da metade dos brasileiros (53%) pretende viajar em 2023, conforme pesquisa da Hibou, empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo. Temos, sim, muitas demandas reprimidas ainda, como a construção de um ponto adequado de recepção aos visitantes que chegam de ônibus e infraestrutura para atrair o turismo corporativo para eventos e convenções.
O trabalho das associações locais, que podem não ter a mesma linha de pensamento, mas que se conversam, sim, em prol do bem de Monte Verde, inclui um enorme esforço nos bastidores: reuniões com empresários, comunidade, iniciativa privada e representantes dos executivos e legislativos em suas três esferas. O mundo é cada vez mais ágil, mas algumas ações ainda transitam em burocracias, prazos e disponibilidade de verba.
Desde o início da gestão municipal atual, mais de R$ 10 milhões em investimentos foram destinados a Monte Verde. Mas o olhar crítico ao poder público deve lembrar que nem tudo é competência da gestão municipal. Saneamento básico é concessão estadual, assim como a estrada que liga Camanducaia a Monte Verde está sob responsabilidade do governo do Estado.
Críticas serão sempre bem-vindas. Mas o bom senso também tem que estar presente em todas as estações do ano.
Rebecca Wagner, presidente da MOVE (Agência de Desenvolvimento de Monte Verde)
Flávio Nunes Silva, presidente da ACMV (Associação Comercial de Monte Verde)
Bruno Rosa, secretário de Turismo de Camanducaia
* Diretor Executivo da Assimptur