Claudio OlivaClaudio Oliva é jornalista especializado em turismo e hotelaria, pós-graduado em Turismo pela Universidade de Barcelona, presidiu a Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo. Editor da Qual Viagem, colaborador em diversos portais de turismo, é também diretor Executivo da Assimptur Assessoria de Imprensa.

Reabertura de aeroportos do Rio Grande do Sul deve impulsionar retomada do turismo

Cláudio Lacerda Oliva*
turismologoali@hojeemdia.com.br
15/10/2024 às 07:01.
Atualizado em 15/10/2024 às 17:45
Canela poderá receber aeronaves 2C e Torres terá condições para a operação de aviões da categoria 3C (Boeing 737, Airbus A320) (Gary Lopater via Unsplash)

Canela poderá receber aeronaves 2C e Torres terá condições para a operação de aviões da categoria 3C (Boeing 737, Airbus A320) (Gary Lopater via Unsplash)

Cidades turísticas do Rio Grande do Sul afetadas pelas chuvas que devastaram o Estado, em maio, estão prestes a ganhar um importante impulso com a volta da operação de três aeroportos, segundo o empresário Marcos Jorge, CEO do Grupo RTSC.

O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tem previsão de ser reaberto no dia 21 de outubro, com expectativa de operar 100% da sua capacidade a partir de 16 de dezembro. Agora sob responsabilidade da Infraero, passam a receber voos comerciais os aeroportos de Canela, na Serra Gaúcha, e de Torres, no litoral norte do Estado.

Para Marcos Jorge, a reabertura dos três aeroportos, resultado de reivindicação coordenada de lideranças empresariais do Rio Grande do Sul, deve minimizar o impacto negativo do fechamento dos terminais em decorrência dos efeitos provocados pelas enchentes.

“Da perspectiva da cadeia do turismo, não é pouca coisa. Facilitar a chegada dos turistas é fundamental para fazer girar novamente a economia de municípios do Rio Grande do Sul que dependem principalmente do turismo – casos da própria cidade de Canela, de Gramado e do entorno na Serra Gaúcha”, diz.

De acordo com o CEO da RTSC, cidades como Gramado, Canela e Bento Gonçalves viram a quantidade de turistas de outros Estados e países, responsáveis por até 40% da ocupação dos hotéis da região, cair significativamente durante as férias de julho e o Festival de Inverno. Com a reabertura dos aeroportos, no entanto, a expectativa é de retorno dos visitantes de outros Estados, assim como de países vizinhos, como a Argentina e o Uruguai.

Marcos Jorge avalia que a cadeia do turismo no Rio Grande do Sul é bastante diversificada, envolvendo desde hotéis e restaurantes até agências de passeios e fábricas de chocolate e vinícolas.

“Trata-se de um segmento relevante, capaz de atrair crescentemente investidores interessados em alocar recursos em complexos multipropriedade”, diz o empresário. 

No modelo de multipropriedade, o investidor compra uma fração (cota) do empreendimento hoteleiro, garantindo o direito de usufruir de um imóvel em determinadas datas durante o ano, conforme sua quantidade de cotas.

Em outra ponta, cabe destacar, os incorporadores dos empreendimentos hoteleiros também podem captar recursos via fundos de investimentos imobiliários – neste caso, os investidores desses fundos são remunerados pelo fluxo de recebíveis garantidos pelos pagamentos das hospedagens pelos turistas e gastos com refeições, ingressos em parques de diversão, entre outros serviços.

O Grupo RTSC, por exemplo, congrega gestoras de fundos de recursos de
investidores para o setor de turismo no Rio Grande do Sul. 

Mobilização

Com participação ativa no movimento empresarial que garantiu a volta da operação dos aeroportos de Canela e Torres, Marcos Jorge se reuniu nos últimos meses com representantes do governo federal, como o ministro do Turismo, Celso Sabino, e o ministro-chefe da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta.

“A reabertura e ampliação de aeroportos regionais sempre esteve entre nossas alternativas de curto e médio prazos para viabilizar a retomada da economia”, destaca.

“Acreditamos no potencial do nosso turismo como impulsionador dessa mobilização.”

A fim de habilitar os aeroportos para que as companhias aéreas possam operar voos regulares para Canela e Torres, o governo federal está investindo na melhoria das pistas de pouso e decolagem, das pistas de taxiamento e dos pátios para as aeronaves. Também recebem
investimentos os equipamentos de auxílio à navegação aérea, o terminal de passageiros e as cercas de proteção, entre outros pontos importantes dos dois aeroportos. Antes de a operação passar para a Infraero, a gestão era do governo gaúcho.

O terminal de Canela poderá operar com aeronaves de categoria 1B (Grand Caravan – até 9 passageiros) e o de Torres, com aparelhos de categoria 2C (ATR-72 – para até 72 passageiros). Em 45 dias após o início da gestão, Canela poderá receber aeronaves 2C e Torres terá condições para a operação de aviões da categoria 3C (Boeing 737, Airbus A320, para uma média de 165 passageiros). 

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