Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A água de BH

11/08/2021 às 18:22.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:39

Belo horizonte, agosto de 2021: Os jornais dão ênfase à possibilidade de racionamento de água. Em parecer enviado ao governo de Minas, datado de 23 de novembro de 1890, o engenheiro Herculano Veloso Ferreira Pena, incumbido de estudar localidades para sede da administração estadual, dizia sobre a que foi escolhida: “Tem águas abundantes e de excelente qualidade, fornecidas por oito córregos, que nascem na Serra do Curral”.

Nestes mais de cem anos, os prefeitos, assistindo ao crescimento da cidade e das necessidades da população, não deixaram de cuidar do abastecimento de água da capital. Havia prenúncio de falta de água e temia-se o futuro. Estudavam-se novas fontes e que tipo de tubos para distribuição. Não era só São Paulo; Belo Horizonte não podia parar.

Na gestão do prefeito Otacílio Negrão de Lima, construiu-se a barragem da Pampulha, concluída por Juscelino, visando inicialmente atender à demanda de água da população local. Depois, veio o projeto arquitetônico. Mas a água dali era apenas para uso humano, inicialmente.

Na gestão Celso Mello de Azevedo, decidiu-se elaborar o quinto plano geral de abastecimento, entregando-se a missão a conceituada equipe de engenharia. Professores: Álvaro de Campos Andrade, Lincoln de Campos Continentino, José de Carvalho Lopes e Saul Macedo. Mananciais mais promissores: Rio das Velhas, Rio do Peixe e Ribeirão Bonito. Em abril de 1957, propusera-se: captação do Rio das Velhas, em Bela Fama.

Quem financiaria? Longos e demorados entendimentos, enquanto o tempo passava e a demanda de água aumentava. Juscelino, presidente em solenidade no Catete (e eu estava lá), determinara a execução da obra pelo DNOS e a inauguração em 30 de janeiro de 1960, 24 horas antes da passagem do cargo ao sucessor.

A vontade não foi deferida. E não era somente a captação em Bela Fama, município de Nova Lima. Havia também a adução, outro investimento alto. Aqui, a prefeitura já construía o reservatório do Morro Redondo, nas proximidades do hoje Ponteio.

Finalmente, a água do Rio das Velhas chegou às torneiras de BH, em dezembro de 1969, mesmo assim, com uma solução de emergência: um by pass. Agora, em 2021, o problema está novamente posto. Racionamento?

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