Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A arte tem lugar, sim

09/06/2016 às 19:02.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:49

A poesia se instala em Belo Horizonte na primeira quinzena de junho com a realização de um verdadeiro festival com poetas e músicos de vários lugares do Brasil. Será neste dia 10, às 9 horas, quando se lançará o livro “Trinta Anos de Luz”, com que se comemora o trigésimo aniversário do Psiu Poético, inaugurado em Montes Claros. A festa da poesia brasileira em Minas Gerais será agora, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes.

O volume em questão, organizado por Aroldo Pereira, MG, Luís Turiba, RJ, e Wagner Merije, SP, é saudado pelo professor Nelito de Oliveira, crítico literário e ex-editor do Suplemento Literário do Minas Gerais, e pelo compositor Jorge Mautner, que acompanha o Psiu Poético, movimento cultural cujo trigésimo aniversário se celebra a partir do encontro deste final de semana.

A professora Ivone Daré Rabello, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, em texto – comentário, afirma que a antologia reúne “muitas vozes, muitos temas, muitos modos de expressão. Escrita a trinta mãos, o interesse não está na diversidade de pontos de vista, escolhas de linguagem, opções temáticas e estilísticas. Nem na dificuldade em atingir de fato a plena realização formal. Essa diversidade e essa dificuldade são seus pressupostos. O interesse mais autêntico está nas surpresas e nas ponderações a que ela nos conduz”. 

Continuo fugindo ao conturbado noticiário político, que tanto nos deixa mal em âmbito interno e em escala internacional. É algo que lança uma nuvem sombria e inquietante sobre nossas melhores tradições. Vamos, pois, falar em algo que satisfaz e alenta. 

Deste modo, desejo registrar, lá em minha Montes Claros, a exposição “Cores e Nomes”, de Fernando Yanmar Narciso, que é arte na verdadeira acepção, com influência pop, destacando nomes conceituados da cultura local, aberta até dia 20, no Ateliê Galeria Felicidade Tupinambá, um ponto de referência na arte de toda a região, mesmo Estado. 

Para entender melhor o artista, preciso antecipadamente informar que ele é filho de Mara Narciso, médica que se especializou em Endocrinologia e se formou também em jornalismo. Nascido em 1984, na terra de Dona Tiburtina (perenizada pelos acontecimentos graves de 6 de fevereiro de 1930, com muitos mortos e feridos) e de dois membros da Academia Brasileira de Letras (Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos), o artista foi diagnosticado com TDAH aos quatro anos e com Mal de Asperger, quando adulto. Tornou-se escritor por acaso, ao tentar imitar a mãe. Descobriu um estilo próprio de descrever o mundo a seu redor, inspirado em desenhos animados e na comédia stand-up, com exagero e irreverência. Sempre tímido e solitário, encontrou nas letras o grande refúgio. A timidez, contudo, não se evidencia nas páginas de seu livro estreia, em que diz muito do que as demais pessoas gostariam de dizer, mas não ousam.

Artie Oliveira, além de cronista, é desenhista de mão cheia e com um traço característico: uma fusão bem pensada do cartoon com marcas básicas do mangá, resultando em criações memoráveis.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por