Nova estação do ano chegou. Desta vez, praticamente todos os países se preocupam com o que virá. Vivemos tempos difíceis e o noticiário de toda a imprensa mundial cuida de divulgar e esclarecer causas da hora presente, como a população deve agir para evitar o agravamento da situação. Jornal de Belo Horizonte estampa a manchete: “Maior parte da área atingida por queimadas era de vegetação nativa do Cerrado e da Amazônia”.
Imagem de satélites permitem análise do padrão histórico das ocorrências, mas se aduz que quase ¼ do país pegou fogo ao menos uma vez em 39 anos. Em nosso caso específico, Minas Gerais é o 9º estado em registro de casos. Informação atormentante, mas a que devem dar especial cuidado não só os prefeitos de agora e seus sucessores, mas todo o contingente humano. Todos temos responsabilidade no processo.
Minas tem intensa responsabilidade em tudo. É um dos maiores, tem a maior rede rodoviária, tem enorme população, envolve um complexo avantajado de cerrado e sofre influência climática de outras unidades federativas que podem ampliar seu potencial de destruição pelo fogo. O Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul estão perto e há condições favoráveis à propagação das chamas, sem lembrar que o território é uma espécie de caixa d’água do Sudeste, podendo aliviar ou ampliar a gravidade da situação atual.
Sem pretender atirar culpa e responsabilidade a quem quer que seja, o quadro de Minas é delicado. Os heróis de Guimarães Rosa, ele próprio nascido e criado, na beira do cerrado, devem estar inseguros e inquietos. Li numa folha: “O cerrado perdeu 1,11 milhões de Hectares de vegetação nativa em 2023, um aumento de 67,7% em relação a 2022 (662.186 hectares), conforme o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, divulgado pelo MapBiomas”.
O veterano Luiz Carlos completou o raciocínio: “O Cerrado abriga nascentes de nove das 12 principais bacias hidrográficas do país e que contribuem para cursos hídricos de países vizinhos, como Rio do Prata, e essenciais ao agronegócio e à vida humana. A supressão da vegetação compromete a perenidade dessas fontes de água potável, dos rios e dos lagos”.