Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A falha humana

22/10/2021 às 18:24.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:06

Indelével - talvez seja o melhor adjetivo para classificar o pavoroso desastre de 25 de janeiro de 2019, quando Brumadinho foi sacudida pelo terrível mar de rejeitos da mina Córrego do Feijão. Transcorridos mais de dois anos, ainda não se sabe de definitivo as causas da tragédia que deixou 270 mortos, oito ainda não localizados e identificados, a despeito de todos os esforços.  

Todo mundo e todo o mundo  que pensa e acompanha os fatos ainda quer saber o final desse terrível acidente, sem igual na América Latina. Principalmente, quando se sabe que a Vale, responsável pela exploração da mina, tem história e consciência de seus serviços a Minas Gerais, ponto de seu nascimento na crônica da indústria minerária.

A Universidade Politécnica da Catalunha é a instituição que mais recentemente estudou o terrível desastre e ofereceu a sua versão sobre a causa, que impressionou os assistentes de programas de televisão. Uma perfuração que se fazia em ponto crítico da mina, no momento da ruptura, produziu o potencial gatilho da liquefação, que passou a se comportar como líquido e sobrecarregou a estrutura. Em seguida, o que se viu, com  estupefação.

Organismos públicos e privados, em Minas, no país e no exterior, não mediram esforços para esclarecer. Uma tragédia dessa dimensão não pode ficar impune, se culpado houver. Indiciaram-se  16  réus por homicídio doloso e crimes ambientais. E daí? As famílias continuarão chorando pelas suas vítimas. Nenhuma indenização cobrirá a dor pela vida perdida.

A Vale tem procurado indenizar o que for indenizável. Segundo o estudo, “registros sismográficos sugerem que uma liquefação contida pode ter ocorrido em junho de 2018, sete meses antes da tragédia. Na época, houve um incidente considerado grave durante procedimento em que a Vale buscava drenar água do lençol freático. Foram causados vazamentos visíveis de lama em vários pontos da barragem, que foram rapidamente contidos. O incidente provocou um aumento local e temporário nas pressões piezométricas da água e algum abatimento na barragem".

No dia 6, houve a falência por horas dos equipamentos do Facebook, Instagram e WhatsApp. Foi um abalo internacional, principalmente nos prognósticos de seu proprietário, um dos homens mais ricos do mundo. Também acontece.  De tudo se tira uma conclusão. O que é humano, jamais é perfeito.

Temos de nos cobrir de humildade para enfrentar os males nossos de todos os dias.

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