Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A fome ameaça

Publicado em 01/10/2022 às 06:00.

O presidente da República e candidato a reeleição contesta que 33 milhões de brasileiros estejam subalimentados e até passando fome. Não vamos contestar, até porque se vive o delicado momento de eleição do próximo ocupante do Palácio do Planalto.

Mas não se pode negar que a situação mundial quanto ao problema não é das mais confortáveis. A fome alheia nos envolve, porque fazemos parte do todo. Ademais, temos de conhecer que a FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, tem advertido sobre o gravíssimo desafio, observando que cerca de 8,1 milhões de pessoas em todo o planeta estão em condições de subnutrição.

A própria ONU argumenta que, ao final desse 2022, a população do mundo chegará a 8 bilhões de pessoas e, daqui e mais oito anos, teremos 10 bilhões habitando este pedaço do universo, de modo que as perspectivas são sombrias ao extremo.

Fábio Zukerman e Ailin Aleixo, cofundadores da Akuanduba, consultores ESG, alertam que, há dois anos, os problemas com a seca resultaram na quebra de 45% da produção de soja no Rio Grande do Sul, enquanto em 2019 16 milhões de toneladas foram perdidas por falta da água que vem do céu.

Mencionados técnicos vão além: “Pesquisadores de universidade federal em Minas Gerais (Viçosa) garantem que nos próximos 25 anos as mudanças climáticas vão afetar diretamente a produção das lavouras. Na prática, o agronegócio pode perder até R$ 5,7 bilhões por ano com o desmatamento”.

E há mais a considerar: “Cerca de um quarto do sul da Amazônia – nos Estados de Acre, Amazonas, Rondônia, Pará, Tocantins e Mato Grosso do Sul – atingiu o limite crítico de redução das chuvas por perda de floresta. Em algumas dessas regiões, essa redução já comprometeu 48% do volume de chuvas anuais. Nesse ritmo, perderemos produção de alimentos, investimentos e lucro e ganharemos escassez, fome, desnutrição e pobreza, que atingirá tanto animais quanto pessoas.

A pergunta que fica é: o quanto realmente estamos preparados para esse cenário? O quanto realmente pequenos negócios, produtores e restaurantes têm lutado para mudá-lo? É preciso fazer mais, e correr sem se emaranhar nas próprias pernas”.

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