Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A morte espreita

18/01/2022 às 11:13.
Atualizado em 21/01/2022 às 12:15

Quem se interessa por conhecer a situação da segurança no Brasil se espantará, se disser que estamos menos violentos do que antes. Não é o que se divulga em mídia, a ponto de não causar surpresa o relato sobre número de assassinatos, de furtos e roubos, praticamente em todas as unidades da Federação. Há programas de rádio e televisão que cuidam unicamente desta matéria, a exemplo das editorias próprias dos jornais.

O próprio presidente, recentemente, declarou – para geral espanto das pessoas presentes à conversa – que “todos os índices de homicídios, estupros, latrocínios, roubo de veículos e cargas, invasão de fazendas, entre outros, que os índices caíram de janeiro de 2019 para cá”.

Engana-se S. Exa., contudo. A declaração destoa do divulgado pelo 15º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo os dados divulgados em julho de 2021, o Brasil retomou a tendência de crescimento de mortes violentas intencionais em 2020, após dois anos em declínio.

Em 2020, o índice subiu 4%. Em verdade, segundo as informações do Fórum, foram 50.033 vítimas, das quais 78% com armas de fogo. As mortes violentas intencionais, consideradas pelo Anuário, somam os registros de homicídios dolosos (quando há intenção), latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, feminicídios e mortes decorrentes de intervenção policial.

O Anuário sublinha: “A arma de fogo é o principal instrumento utilizado para todos os tipos de crime, com exceção da lesão corporal seguida de morte – crime em que não há a intenção de matar a vítima, mas sim de feri-la”.

Ainda conforme os números, a arma de fogo foi utilizada em 83,5% das mortes por intervenção policial, 75,8% dos homicídios dolosos, 60,9% dos latrocínios e 14,5% das lesões corporais seguidas de morte.

A estatística revela muito, portanto, do que está acontecendo pelo território nacional, a despeito de providências que possam estar em curso para reduzir a mortandade que depende de medidas de praxe nas principais nações do mundo. Uma delas reside na formação do homem, desde a infância e a adolescência, começando pelo propiciamento de educação bem focada em objetivos. Simultaneamente é imprescindível que as famílias gozem de adequadas condições de igualdade com demais segmentos sociais.

Sem tais bases iniciais, os esforços serão vãos e caminharemos como até aqui, não permitindo que a economia se fortaleça, e se forjando um povo motivado e feliz.

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