Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A nossa guerra

Publicado em 29/08/2023 às 06:00.

Manoel Hygino*

Não se subestima a violência da guerra na Europa, desde que a Rússia enviou suas tropas para combater a Ucrânia. Enfim, guerra é guerra, ainda que o presidente Putin queira reduzir suas dimensões considerando-a simplesmente “uma operação especial”.

Especial sim, mas já demora mais de um ano, eis que desencadeada em fevereiro de 2022. As estatísticas de mortes e feridos gravemente, dos pesados danos causados na refrega, não estão disponibilizadas com segurança porque a ambos os grupos confrontantes não interessa. O mais importante a esta altura é destruir as forças inimigas.

No Brasil, todavia, que acompanha os fatos pelos veículos de comunicação, o principal é manter-se em permanente ação para conter a violência interna que já chegou a todos os recantos, como temos insistentemente comentado. O semblante do cidadão nascido nestes 8 milhões e 600 mil quilômetros de território nacional em nada lembra o homem tranquilo, fruto de três raízes raciais- tranquilo e esperançoso.

Mata-se de Sul a Norte, de Leste a Oeste, ofende-se, agride-se, fere-se o homem ou mulher, em casa ou em via pública, nas rodovias, nos estádios esportivos, nos bares e lanchonetes, invade-se a propriedade privada, desacata-se o branco, o mulato, o negro, de todas as idades, estupram-se as mulheres, mesmo em tenra idade.

O mapa da violência no Brasil, entre crianças e adolescentes, revela números alarmantes, somam mais de mil vítimas de estupro com menos de 13 anos e os crimes sexuais crescem vergonhosamente. Nas hostes de violência se aliciam jovens, levados à criminalidade por vulnerabilidade e fragilidade das leis. O crime começa dentro de casa, em que o respeito feneceu cedo ou jamais existiu.

A cada dia, um adolescente é apreendido em Belo Horizonte um suspeito de envolvimento em crimes e encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional, CIA-BH. No ano passado, 1848 menores de 18 anos foram apreendidos. E daí? Além destes, houve ainda os casos em apuração. O desejo de bens e ostentação atrai adolescentes para o tráfico, muito interessado em crescer suas falanges. O mal começa cedo. O comércio de drogas se acha em plena expansão.

Por mais que se empenhem as autoridades, resta muitíssimo a fazer, tal o vulto dos fatos. E suas sombrias perspectivas. E, evidentemente, todos os setores da sociedade brasileira têm de empenhar-se nesse objetivo. Se não houver interesse geral, tudo resulta em nada.

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