Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A paz distante

Publicado em 28/10/2023 às 06:00.

Na fronteira do Egito, cerca de 150 caminhões estacionados, esperando ordem para que entrassem na Faixa de Gaza. Tinham de aguardar ordem para entrar em Rafah, ainda isolada do resto do mundo. Inicialmente, eram 20 veículos, que o presidente dos Estados Unidos chegou a anunciar que recebera autorização do governo egípcio para transpor cruel marco divisório. Após angustiante espera, contudo ingressaram os pesados veículos no outro lado, o da Faixa e dos milhões e quatrocentos mil palestinos famintos, feridos e sem assistência, sequer alimentar, em Gaza.
Notícias perversas e auspiciosas cruzavam os limites conflagrados.

A Organização Mundial de Saúde, tão citada e atuante na recente pandemia da Covid, alertava: vinte caminhões com alimentos de toda espécie são insuficientes para suprir as ingentes necessidades. A população civil percorria as ruas, quando e quanto pôde, para gritar por ajuda urgente. A resposta foram novos bombardeios há meio mês praticamente, desde que o grupo terrorista resolveu atacar terra e povo em região de Israel, sem explicação prévia, como se procederia mesmo em tempo de guerra.

A contestação veio em forma de poderosos mísseis.
O território palestino sofre pesadamente. A palavra paz ou a expressão cessar-fogo não são conhecidas. Guerra é guerra e a insistência de líderes internacionais por pacificação, não foi percebida. Os caminhões  permaneciam ao longo da fronteira, pois os principais autores da tragédia, são surdos e cegos.

Os civilizados não se espantam mais, não se surpreendem com o caos, somente temem que o conflito se estenda em tempo e espaço, que o ódio invada criminosamente as grandes cidades do planeta ou os pequenos conglomerados, como a Covid, ampliando-se por outras distantes e pobres localidades.

O fim da guerra atual entre Israel e palestinos não será o término do extensíssimo conflito, que se alonga por centênios. A inimizade entre as partes perdurará, a julgar pelos sentimentos e pensamentos das lideranças. Uma trégua agora seria apenas uma pausa para meditação e para o sonho milenar. Mas abriria uma esperança. Esperança embora tênue.

Enquanto isso, palestinos e grupos israelenses percorrem as ruas das capitais da Europa trocando acusações e injúrias. 
O ódio não terminou, pelo que se vê e se sente. É um sentimento que séculos não conseguiu amainar ou extinguir.

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