Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A voz de Minas

Publicado em 29/04/2023 às 06:00.

Transcorridos 231 anos do sacrifício de Joaquim José da Silva Xavier, no Rio de Janeiro, comove-se o povo brasileiro que conhece as causas que levaram à condenação e enforcamento de Tiradentes.  Os conterrâneos de Minas Gerais, de ontem e de hoje, conheciam e conhecem as motivações superiores que levaram ao fatal desenlace.

A nação nesse extenso período aprendeu a conviver com os faustos de seus governantes e dos mais abonados pela riqueza. 

Nunca, porém, os segmentos conscientes da população ignoraram o clamor que emanava dos segmentos mais expressivos da população, porque os mineiros  tinham voz e queriam ser ouvidos. 

Tiradentes pregou a ideia de liberdade, com grande veemência e sem maiores cuidados e receios. Com menos de 50 anos, entrou para a História pela ousadia de, aliado a outros descontentes corajosos, pretendiam aqui instalar uma grande nação. 

Há oitenta anos exatamente, de Minas partiu uma nova conjuração, então contra a ditadura instalada a partir de 1937. As montanhas não se calaram. Na Europa. Os brasileiros lutavam contra o nazifascismo. O Brasil, que, no século XIX, fora modelo de governo democrático,  que desde 1824 tinha Constituição e, desde 1826, eleições, além de liberdade de Imprensa, sentiu que não poderia viver indefinidamente sob o jugo ditatorial. Minas, mais uma vez, partiu para o bom combate, através de um Manifesto, tornado público em 24 de outubro de 1943, há exatamente oitenta anos.

Divulgado o texto, bem moderado por sinal, em cópias datilografadas e  mimeografadas, o governo federal desfechou uma acirrada onda de perseguições contra seus signatários.
 Mas a voz  de Joaquim José estava nas palavras do Manifesto dos Mineiros era altiva, clara e uníssona. O agora Estado, novamente, fez ecoar seu apelo por todos os recantos da nação, no que seria acompanhado pelas vozes mais autênticas e fortes em defesa da democracia, como aliás se repete nestes decênios posteriores. Em verdade, o esforço não pode ser considerado definitivo. Ainda há aqueles que não compartem com Minas Gerais os ideais que conduziram a se vencer horas sombrias para nossa gente, seus princípios e objetivos. Historicamente, as montanhas não se renderam, nem se renderão.

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