Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

A voz do dignatário

Publicado em 20/02/2024 às 06:00.

O Carnaval 2024 já era. Para os que se deliciam e vibram com este período do ano, resta esperar o próximo, com o entusiasmo e a esperança de que 2025 superará os frenesis do tempo recém-transposto. É aguardar.

Mereceu meu melhor interesse o texto com que Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e membro da Academia Mineira de Letras, analisou os dias momescos. Afirmou: “Chegaram as folias do Carnaval, com suas cores, enfeites, artes e  danças – a música contagia os foliões. Um tempo diferente, aguardado e aproveitado de modos variados. Na folia, busca-se o bem mais almejado pelo coração humano: a alegria. Sem alegria não se dá conta de viver – dobra-se o “peso” que recai sobre a vida. Cada coração procura – e tem o direito de achar – a felicidade para emoldurar os desafios do cotidiano. O anseio pela alegria é tão intenso que pode levar a exageros. Um frenesi de experiências e de sensações que comprometem dignidades, ferem inteirezas. Essas experiências e sensações, ao invés de levarem à alegria que amoldura a vida, cavam um buraco enorme na interioridade, comprometendo os alicerces da existência humana. Adequadamente procurar a alegria no tempo do Carnaval é lição preciosa, para garantir mais sentido ao viver. Uma lição que inclui respeitar o semelhante e descartar exageros de todo tipo”.

Adverte: “Importante lembrar que alegria é um bem e uma grande virtude, não é um entorpecente. Quando simplesmente é confundida com uma sensação intensa e passageira, provoca uma lacuna, uma cegueira no ser humano, fazendo-o perder o autocontrole. O caçador de alegrias duradouras tem que esmerar-se na competência do silêncio – fundamental para obter a sabedoria que permite reconhecer onde está a verdadeira felicidade. É preciso exercitar-se no silêncio mesmo quando há muitos atrativos externos, inclusive aqueles que se expressam a partir das fantasias, das gingas, das festas. A procura pela alegria da folia, com as suas nuanças culturais, expressões típicas, não pode dispensar o exercício do silêncio, que revigora a alma e o corpo. Deve-se cultivar um sensível equilíbrio. O corpo precisa de repouso e de cuidados para não se exaurir no afã da folia”.

Concluindo seu texto, escreveu o ilustre prelado: “As folias constituem um caminho possível para se experimentar alegria, mas é precioso reconhecer: o silêncio alicerça a existência de cada pessoa. Valham as alegrias duradouras fecundadas pela prática do silêncio”.

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