Observo, e não estou sozinho, estamos em reboliço, para não dizer em ebulição. A própria natureza assina embaixo e se reconhecem as firmas. O que nos aguarda? O que podemos esperar, mesmo diante das generosas expectativas da COP 30, este mês. Um Manifesto para a Conferência foi lançado em 30 de agosto, visando a Reconstrução e o Desenvolvimento Ambiental, Social, Cultural e Econômico do Rio Doce.
E, em verdade, urgente e mais que um clamor, porque uma imposição do futuro e às gerações por vir. É uma exigência, mais do que pleito. O Manifesto o diz: “O ano de 2025 marca um ponto de inflexão histórico: vivemos simultaneamente uma crise climática global e uma oportunidade única de mudança. A ação climática deixou de ser apenas um tema ambiental e tornou-se um desafio humano e existencial. É nesse contexto que nós, cidadãos e comunidades ribeirinhas, povos originários, entidades da sociedade civil, universidades, movimentos sociais, instituições públicas e privadas, reunidos no II Encontro da Rede Rio Doce, dirigimo-nos à COP 30 para conclamar governos, a comunidade internacional, empresas e cidadãos a assumirem, juntos, um mutirão global pela regeneração do nosso território”.
O documento do oitavo mês de 2025 faz também um necessário diagnóstico - “O Rio Doce é um patrimônio ecológico, histórico e cultural de dimensão nacional. Suas águas percorrem dois estados, alimentam inúmeras nascentes e sub bacias, sustentam a biodiversidade, abastecem milhões de pessoas e integram a maior reserva contínua de Mata Atlântica de Minas Gerais: o Parque Estadual do Rio Doce (Perd), criado como gesto visionário de defesa da natureza. (...)
Um Futuro Justo e Sustentável é o projeto de toda a nação. Nosso povo reafirma o compromisso da Rede Rio Doce em: Contribuir para o alinhamento da região aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e às Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil; de participar ativamente da Cúpula dos Povos na COP 30, em Belém, levando as vozes da Bacia do Rio Doce à cena global; Implementar o Inventário de Gases e Efeito Estufa ao longo da bacia, responsabilizando agentes econômicos e viabilizando projetos de inversão de carbono; Estruturar o Museu do Rio Doce como espaço de memória, ciência e futuro. (...)
O Rio Doce pode e deve tornar-se um exemplo mundial de justiça climática e de transição ecológica justa, mostrando ser possível recuperar territórios degradados e gerar dignidade e prosperidade para seu povo.