Pareceria nota para colunas sociais, das mais procuradas e diariamente consultadas matérias de jornais. De fato, trata-se de comunicado da Associação dos Membros do Corpo Consular no Estado de Minas Gerais direcionado a Saulo Levindo Coelho, provedor-presidente da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Informa que, por unanimidade, seu nome fora aclamado para receber o diploma e medalha do Mérito Consular. A destinação é conferida a quantos, em Minas Gerais, se destaquem na prestação de serviços relevantes à capital, ao Estado e ao país. Comprova-se que a atual gestão da instituição filantrópica, com quase 19 anos na área de saúde da capital mineira, é reconhecida além dos nossos limites geográficos.
Não foi exatamente o reconhecimento que os pioneiros desejavam, porque queriam simplesmente dar assistência solidária àqueles que careciam de ajuda em seus momentos de dor e enfermidade. A fundadora das Santas Casas, a rainha Leonor de Lancastre, de Portugal, sabia das coisas. Nascida exatamente há 560 anos, impregnou de motivação essas beneméritas instituições. Daí, o título de “misericórdias”, isto é, doar seu coração a outrem, aos que necessitam, referido por São Mateus em seu Evangelho.
De Portugal, as Santas Casas se irradiaram a todos os países de sua colonização. A primeira delas, no Brasil foi a de Olinda, instalada em 1538. Em Belo Horizonte, inaugurada em 1897, nasceu a pia organização em 1899, a partir de então prestando os serviços assistenciais que a comunidade ajudou a difundir.
Daí o significado do convite que Saulo Levindo Coelho, formado na melhor escola de fé e solidariedade dos mineiros, recebeu para participar das celebrações dos 450 anos da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Macau, na Ásia, que completa quatro séculos e meio em maio de 2019. As misericórdias se darão um abraço internacional, histórico, no quinto mês do ano. O novo mundo e a Região Administrativa Especial, classificação do território que abrange a velha comunidade portuguesa, com soberania chinesa, se encontrarão na Travessa da Misericórdia, em Macau, num encontro de três continentes, superando séculos de desavenças e definido na plataforma de intercâmbio de culturas ocidentais e orientais, calcadas no espírito de solidariedade das casas fundadas por D. Leonor.
É bom registrar: portugueses chegaram a Macau no século XVI e a primeira instituição europeia de caridade e beneficência da região foi a Santa Casa de Misericórdia, que continua prestando notáveis serviços à sociedade.
Hoje, a Santa Casa de Macau é uma instituição de importância vital na comunidade local. Os seus membros são todos portugueses e católicos e, na sua esmagadora maioria, naturais dali mesmo.
Desde o estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, a Santa Casa adotou uma série de medidas de fundo para se adaptar aos novos tempos. Entre estas, destaca-se a renovação total das suas instalações de serviço social. Tem dado certo e, na reunião de maio vindouro, as duas entidades, separadas por mares não antes navegados, terão muito a contar.