Pedro Rogério começou a vida junto a pessoa que amava as letras. Falo de seu pai, Vivaldi, que parece ter nascido com uma caneta na mão, antes de aprender datilografia e pôr-se a escrever, o que fez durante decênios, embora cargos importantes lhe fossem atribuídos, obrigando-o a ingressar na Academia Mineira de Letras.
Lá, conquistou a façanha de presidente perpétuo. Pedrinho, como apelidado na infância, seguiu o caminho do genitor, sucedendo-o numa das cadeiras do sodalício, embora se multiplicando em outras missões e tarefas na Imprensa, ganhando nome e fama na poderosa TV Globo.
Como não poderia deixar de ser, agora lança seu livro “A Vida Misteriosa dos Gatos”, pela Thesaurus, de Brasília. A partir dos felinos com os quais teve de haver-se na capital federal. Foi a porta de entrada na vida da metrópole que JK instalou no Planalto Central.
O autor ingressa na bela cidade e, nela, se depara com gente de alta expressão na vida política, empresarial, social e funcional de uma cidade que não para.
Homem da área de comunicação, atraente, mas nem sempre generosa, Pedro Rogério durante décadas viu, ouviu, sentiu e viveu a arte, artimanhas e atribuições de quantos tiveram de enfrentar o exercício do poder na maior nação do hemisfério Sul, em meio a interesses em jogo, inúmeros e complexos, conduzindo ao êxito e exaltação ou ao desencanto e à ruína.
Em importantes funções junto a personalidades da vida brasileira, o autor do novo livro conheceu de tudo, até os detalhes, no cotidiano dos gabinetes, nos salões de reuniões, na intimidade dos encontros entre importantes famílias, nos aeroportos, para os deveres em horas tantas do dia e da noite.
Os segredos, os cochilos, os murmúrios, os gritos e lamúrias não podem ser ignorados em recintos de tal importância. O que se deixa escapar nos corredores é valioso para pessoas inúmeras e, talvez, para a história.
O memorialista deu conta completa e perfeitamente da incumbência. O leitor saberá de muito que apenas conheceu por alto ou se propagou inconvenientemente, embora episódios escapassem por meios e ferramentas múltiplas, inclusive por vias eletrônicas.
Pedro Rogério nada esconde, até porque tem tudo anotado num diário extraordinário, além de sua memória fantástica. O leitor saberá muito mais do que pensaria, inclusive quanto à candidatura de Sílvio Santos à Presidência da República e sobre a construção de seu império, sem esquecer a TV Globo com seus negócios e minúcias. Um livro imperdível.