Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Agora, a Malária

Publicado em 29/03/2022 às 06:00.

Não poucos acharam que a vacina contra a Covid 19 demorou a ser descoberta pela ciência. É sempre assim. Nunca se consegue satisfazer plenamente, mas existe a crítica de que querer agradar a todos é sinal de mau caráter.

Qualquer o julgamento, a verdade é que a vacina foi descoberta nos laboratórios, milhões foram imunizados e salvos de morte e de mazelas indesviáveis. Graças a Deus, dizem os que nele creem.

Pior, muito pior, ocorreu na época da malária, que não deixou saudade. Malária e paludismo são a mesma coisa ou a mesma enfermidade que atormentou famílias inteiras no Brasil, em Minas Gerais inclusive, imensamente exigindo dos médicos que não tinham como tratá-la.

Cuidou-se de produzir um imunizante, esforçaram-se pesquisadores e laboratórios, nas primeiras décadas do século passado. Foram anos de trabalho, mas não aparecia o remédio, que somente surge no período mais cruento da Covid 19, e do imperador coronavirus.

Finalmente, no dia 5 de outubro de 2021, houve a decisão histórica, aguardada pelo Norte de Minas, onde a doença é endêmica. Aleluia, aleluia. Naquele dia, a Organização Mundial de Saúde liberou a vacinação ampla contra a enfermidade em regiões com alta transmissão.

Quem terá encontrado a notícia na mídia? O imunizante fora testado, em programa-piloto, em vacinação de 800 mil crianças, pois ela mata 260 mil delas, só na África, a cada ano, daí ser empregada nessa fase na região subsaariana, onde a experiência é feita em Gana, Quênia e Maláui. 

Mais de 2 milhões de doses de um total de 10 milhões previstos no programa de testes já foram aplicadas, na firme esperança de salvar 400 mil vidas por ano no mundo.

A indicação da OMS é para aplicação da vacina "RTS,S/AS01" em um esquema de 4 doses em crianças a partir dos cinco meses: o objetivo é prevenir a doença e reduzir o impacto da malária entre os que forem contaminados. No estágio final das pesquisas, entre 2011 e 2015, os estudos tiveram financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates.

A OMS avalia que a vacina teve "alto impacto" na vida real, com redução significativa (30%) nos casos de malária grave e mortal.

Agora, espera-se a inclusão da vacina como parte das estratégias nacionais de vacinação no Brasil.

Toda vida se soube que a vacina não vinha porque a população atingida é de países e regiões pobres, como o Norte de Minas. Terá a situação mudada?

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