Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Ainda o metrô

22/11/2022 às 14:53.
Atualizado em 22/11/2022 às 14:53

“Longe, aqui”, poesia incompleta, é o volume com que Maria Esther Maciel, professora titular de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da Faculdade de Letras da UFMG, nos brindou, há dois anos. Dentre muitos e honrosos títulos, esta mineira de Patos de Minas é membro da Academia Mineira de Letras, onde ocupa a cadeira nº 15, cujo patrono é Bernardo Guimarães, tendo Dilermando Cruz como fundador.

A autora focaliza uma personagem muito especial, de nome raro. “Em 1987, Zenóbia conheceu na rua uma mulher que vendia palavras. Eram todas inventadas. Encantou-se com “ilágrime”. Porém, mais tarde, soube que essa era uma palavra roubada”.

A publicação é da Quixote-Do Editoras Associadas, de Belo Horizonte, de que tive a alegria de receber exemplar enviado pelo presidente da AML, Rogério Faria Tavares e com dupla e amável dedicatória.

No entanto, o que se me afigura confusa é a situação da vendedora de palavras, tanto quanto o caso do metrô de Belo Horizonte cuja continuação e conclusão se acham tão complicadas quanto anos atrás. Entra governo, sai governo, fica como tudo no quartel de Abrantes em que se transformou a obra, de importância fundamental para a capital mineira e para cidades da região metropolitana.

Há um leilão agendado para 22 de dezembro, como empreendimento avaliado em R$ 5,5 bilhões. Mas o presidente eleito se acha em “palpos de aranha”, se agir como defendem membros da comissão de transição em Brasília, tudo vai por água abaixo.

O secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade de Minas, Fernando Marcato, é suficientemente claro: “Parar esse projeto agora é problemático, porque vamos ter que refazer todos os cálculos. Se virar o ano, os recursos garantidos no orçamento podem se perder, e as empresas que estão há mais de dois anos trabalhando podem se desmobilizar. Se o processo parar, não sabemos se essa obra vai sair”.

O problema é mais delicado porque envolve ainda a possibilidade de privatização, contra a qual é o futuro presidente da República. O tempo não para, para que se afinem os instrumentos e se passe à execução da partitura.

Atualmente, há apenas uma linha com 19 estações e 28,1 quilômetros de extensão, que atende também a Contagem, na Região Metropolitana. Com a concessão, será feita a requalificação e ampliação da linha existente em mais uma estação e a construção da Linha 2. Estão previstas 7 novas estações e 10,5 km de extensão.

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