Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Além das chuvas

21/01/2022 às 14:37.
Atualizado em 30/01/2022 às 20:02

Embora da Academia Mineira de Letras e arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, não foi aqui que Dom Walmor de Oliveira Azevedo teve berço. Mas o veemente apelo que ele fez no dia 14 de janeiro, neste ano perverso no calendário, merece ser lido e relido, porque adverte para a hora que atravessamos. Ele, que é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, assume a grave responsabilidade de advertir-nos, a nós, mineiros.

O Ministério do Desenvolvimento Regional atualizou o total de  recursos repassados para as cidades mineiras, destinando R$ 48 milhões para enfrentarem a situação de emergência por que passam. Simultaneamente, o governo de Minas antecipou R$ 6,3 milhões para os municípios além de R$ 1,2 milhão na compra de cestas básicas. A Assembleia Legislativa devolveu ao governo mineiro R$  106,5 milhões em recursos economizados pelos deputados em 2021.

Enquanto o Palácio prevê o custo de R$ 100 milhões só para reparar as estradas estaduais, R$ 560 milhões são previstos para as cidades afetadas e os prejuízos, até agora, estão sendo levantados, mas não serão menos de R$ 400 milhões. São estimativas e até o fim da temporada de chuvas o número de cidades que sofrem suas consequências tende evidentemente a aumentar.

O alto dignitário afirma, diante dos fatos: “Minas ferida escancara, nas suas riquezas de sua cultura, nas especialidades de sua gente generosa e solidária, nas riquezas de sua natureza pródiga, no seu patrimônio religioso e familiar, os descompassos que exigem mudanças radicais e urgentes no modo de se governar, na maneira extrativista e depredadora no tratamento do meio ambiente”.

Mais adiante, aduz: “construtores e empreendedores da sociedade mineira estão desafiados a crescer na consciência: lógicas gananciosas precisam, urgentemente, ser superadas, para fazer valer a lógica humanista da cidadania. Não se pode continuar a negociar este patrimônio histórico, religioso, cultural e ambiental por tão pouco sacrificando o bem dos mineiros”.

Enfim: “Ante as tragédias, sem medo, sejam identificados os responsáveis, superados os modelos de administração que se reduzem a um conjunto de técnicas operacionais, para que prevaleça um humanismo integral – trata-se do caminho para reverter dolorosa realidade – Minas ferida”.

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