Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Após a campanha

Publicado em 26/10/2022 às 06:00.

Enfim, termina a campanha eleitoral de 2022, a mais disputada, acirrada, renhida, talvez, da nova República. Desde 15 de novembro de 1889, quando Deodoro da Fonseca, impelido pelo pão do positivismo que Benjamin Constant distribuíra, passou o Brasil por épocas não muito tranquilas algumas, para chegarmos ao século atual.

Não prevaleceu a tentativa recente, pois de um povo já sofrido à suficiência pelos regimes de exceção. Neste segundo decênio do século, triunfaram o bom-senso e o patriotismo, com ideias que sequer lembravam o positivismo arcaico de Benjamin Constant.

O tempo é outro, embora alguns homens sejam os mesmos em pensamentos e ideias, que fogem ao regime que escolhemos. A democracia venceu mais uma vez, embora resquícios de estigmas ditatoriais.

A violência verbal foi novamente predominante, mas não irreversivelmente, como o demonstram inequivocamente a experiência. As aves de rapina não adormecem indefinidamente. Não sem razão se poderia evocar a lição que se aprendeu desde a volta do país à democracia, após os 15 anos de Vargas: o preço da liberdade é a eterna vigilância.

No próprio Manifesto Republicano, em 1870, já constava porque o cidadão deste país optara pelo regime: “A democracia moderna é a única que consulta e respeita o direito à opinião dos povos”.

Passado é o tempo do engano, porque o povo não mais  deseja ser ludibriado com frases de efeito, com troca de desaforos entre pleiteantes a cargos públicos, em enfrentamentos vocabulares que soam a expressões de lupanares  de torcidas de futebol enfurecidas.

No manifesto, em 1870, já lamentava a prostração moral  que arrastara o povo brasileiro ao absolutismo prático sob as vestes de liberalismo aparente. O lobo envergando a fantasia de cordeiro.

Estas considerações nos levam a José Maria Couto Moreira: “É mais um momento em que o povo reafirmará seus ideais de liberdade, prosperidade e justiça social, síntese das aspirações da legenda do movimento trágico e heroico dos Inconfidentes e de todas as insurreições que nasceram do solo atavicamente rebelde de Minas”.

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