Beyoncé e a ajuda

A despeito das buliçosas motocicletas que saúdam o presidente da República nas principais cidades brasileiras nos finais de semana, a situação não é das melhores para expressivos contingentes da população. Assim, jornal de Belo Horizonte pôde estampar a manchete de primeira página, um fato: Minas tem 1 milhão de desempregados, uma pérfida constatação não exclusiva da gente montanhesa.

Embora o sorriso do dirigente da nação e dos seus acompanhantes otimistas, vivemos uma fase das mais difíceis neste século de não poucas desilusões e tragédias, a começar pela pandemia, cujo saldo de mortos superou  500 mil pessoas. Sim, meio milhão, só por aqui.

Vamos vender o que temos, para salvar, eis a decisão, o que, no fundo, revela que – estando o Estado, instituição, inchado – passemos as estatais para o setor privado (o que constitui, em última visão, a convicção de que a máquina pública não sabe administrar o que lhe pertence).

Enquanto distinções oficiais são concedidas a militares que seguirem comitivas presidenciais, como no caso do general Pazuello, o povão, que não tem motocicleta, nem casa confortável para abrigar-se, muito menos comida suficiente, reclama que artigo de luxo agora é o gás. Em seis meses, o preço do botijão subiu pela quinta vez, em seis meses alcançando até R$ 100 em algumas distribuidoras. A ajuda emergencial é de R$ 175 para os que vivem sozinhos.

A hora se afigura tão grave, que a cantora Beyoncé, que tem 39 anos, decidiu promover uma campanha em favor do Brasil. A ideia é abrir os olhos da população para o caos em terra brasílica e para a fome que acomete milhares no país. A cantora anunciou a ação “Tem Gente com Fome”, usando o mote “Brazilian Lives Matter”. Zeca Pagodinho, Camila Pitanga e Emicida apoiam a iniciativa.

E a situação se tornará mais difícil, 12,4% foi o aumento no preço da energia elétrica entre nós em maio, comparado ao mesmo mês do ano passado, mesmo confirmando a retomada econômica.

E virá mais: até dia 30, será anunciado o valor das bandeiras tarifárias para energia. Prevê-se um reajuste de 20%, elevação que não se fazia desde 2019. Em seguida haverá reajuste de tudo mais, porque sem eletricidade não se vive. Haja fôlego!