Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Começo de ano

Publicado em 08/01/2025 às 06:00.

É assunto permanente, aparentemente sem jeito: favela. Segundo o jornalista Luiz Carlos Azedo, a vida banal nas favelas foi relegada a segundo plano pelas políticas públicas e capturada por grupos criminosos. Em março de 2024, o IBGE divulgou Estudo sobre Favelas e Comunidades Urbanas, baseada no Censo de 2022, revelando a expansão da população favelada. Mostra que a Rocinha, a maior delas, tem 72.021 habitantes e 30.371 domicílios. Já escrevi a respeito, mas há muito ainda a contar.

Aylê-Salassié Filgueiras, professor, jornalista, consultor sobre assuntos sociais, que já andou meio mundo, não se omite.  Só a favela do Sol Nascente, em Brasília, capital de uma nação com a dimensão da nossa, reúne 70 mil pessoas a vinte quilômetros da Praça dos Três Poderes.

A gente do cerrado, que vive em estado de pobreza quase absoluta, foi lembrada na recente COP-30 pela penúria e pela transgressão. Repetiu-se a certeza de que suas populações esquecidas pelas políticas públicas, são acrescidas da convicção de que convivem com os grupos criminosos, traficantes de drogas, negociantes e contrabandistas de armas e munições, de milícias profissionais a serviço dos indivíduos predadores dos recursos florestais e minerais, de que os veículos de comunicação dão farto noticiário.

Estamos no princípio de um novo ano. No final do que se tornou pretérito, tem-se notícias amplas e reiteradas sobre a evolução da vida dos brasileiros em 2024. Divulgou-se um manancial de bondades concedidas a todo cidadão e às famílias. Não se tem o direito, porém, de decepcionar milhões que ouviram e sentiram que há esplêndidas perspectivas. Todos gostaríamos que fosse – ou seja – assim. 

Agora, o brasileiro começará a planejar os pagamentos do primeiro trimestre. Há IPTU e IPVA a serem quitados por quantos dispõem de um lugar para abrigo ou um veículo próprio a utilizar. De janeiro em diante, muitos reais se tornam imprescindíveis à cobertura dessas contas. São indesviáveis e houve redução dos descontos da primeira parcela ou para quem quer pagar o tributo de uma única vez. O nó começa a apertar, porque se terá de programar a matrícula escolar, o material a ser utilizado nas aulas.

A perceber pelo noticiário e a publicidade, o Brasil tem a mais alta ocupação de empregos. O mercado de trabalho está sustentável. Que assim seja e que os bens de consumo diário também sigam o caminho. Temos de nos alimentar e dar comida à família, de pagar o transporte diário, o consumo de energia e água, uma infinidade de outros itens, inclusive com doenças.

Um mínimo para se ter tranquilidade.

© Copyright 2025Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por