Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Crime no Norte

20/12/2022 às 06:00.
Atualizado em 22/12/2022 às 14:30

O Brasil mudará de governo, cheio de problemas de múltipla natureza e de grande extensão a profundidade. O mundo está em transformação e nosso país, por ser o que é e representa, não poderá fugir a suas responsabilidades perante o futuro e seu futuro. A humanidade depende muito deste território continental e de imensa riqueza.

Estamos a dias da transferência do poder. Isso apenas não resolverá os desafios mensurados e os imensuráveis. Lembre-se de somente um caso.

Em torno da metade de 2022, registrou-se a execução de dois cidadãos na Amazônia. Referimo-nos ao inglês Dom Phillips e o brasileiro Bruno Pereira, no Vale do Javari. A confissão dos dois primeiros suspeitos, irmãos, detidos pela Polícia Federal coincidem com o modus operandi do crime organizado na região, há muitos anos, como vinha acontecendo sem ser importunado. Os dois estranhos ao ninho se tornaram visíveis aos chefões da máfia e se comprometeram.

Erraram e pagaram com a vida. E o que, até hoje, se fez, concretamente, para punir os culpados, fazendo-os exemplares para os demais que por ali atuam ou que para isso se preparam? A ação das quadrilhas de narcotráfico é intensa e cercada de êxitos com altos resultados práticos. A atividade se fez conhecida além das fronteiras. Até nas prisões se luta para colher proveitos. Em 2017, houve a chacina de 56 detentos no complexo prisional do Compaj, em Manaus, revelando o confronto da chamada Família do Norte com o Primeiro Comando da Capital visando controlar esses estabelecimentos e, acima de tudo, a rota do tráfico pela selva. Bem mais recentemente, a Imprensa confirmou a presença de cartéis internacionais dos Estados Unidos, Colômbia e México no Alto Solimões.

É difícil combater a criminalidade por ali. São 213 mil quilômetros quadrados, isto é, maior que o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba juntos. A rede de negócios é enorme e compreende, além do tráfico de drogas e armamentos, o desmatamento, e, enfim, uma rede de empresas para esconder a lavagem de dinheiro. Sem esquecer a exploração ilegal de recursos naturais, inclusive da pesca, muito mais rentável do que se poderia imaginar.

Assim, chegamos ao final do ano e de mais um governo. O delegado da Polícia Federal e ex-superintendente da corporação no Amazonas, Alexandre Saraiva, já acusou também parlamentares ligados ao governo findante de serem financiados por madeireiros. Alguém deu importância ao fato? Apenas restou o registro de que boa parcela dos políticos da Região Norte estavam comprometidos. Ficou o Silêncio.

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