Quem acompanha o comentário julgará, possivelmente, que o pessimismo move a redação destes textos. No entanto, há de se convir que o transcurso dos dias neste Brasil de 2018 não aponta outro posicionamento.
Embora o doce enlevo produzido pelo expressivo espaço cedido pela mídia ao casamento real no inglês castelo de Windsor, no último dia 19, sábado, o brasileiro já estava impregnado de inquietude pela sucessão de reajustes nos preços dos combustíveis.
Num país como o nosso, progresso exige energia e transporte, como constou da campanha de JK, que se esmerou no objetivo no exercício do cargo.
Nem tantos anos são passados, mas a energia hidrelétrica escasseia e as estradas são objeto de intermináveis demandas, tal seu estado de conservação (ou de sua falta).
O brasileiro entende de veículos automotores porque vive em um país eminentemente rodoviário. Entre os desejos mais ardentes de cada cidadão estão um celular, uma televisão e um carro ou moto, ultimamente o veículo mais usado em roubos e assaltos.
Aumentar o preço do diesel e da gasolina constitui crime. Não se dá, contudo, maior atenção ao transporte rodoviário, como na recente (ou na presente) situação. Fecham-se as estradas e se impede a movimentação de caminhões que transportam inclusive bens perecíveis para consumo da população. A manifestação dos caminhoneiros é legítima, as autoridades competentes deveriam antever que haveria contestação à incessante elevação de preços de gasolina e diesel, afetando os veículos rodando pelo imenso chão do território nacional.
Evidente que a política de preços de petróleo é correta. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, tem razão, principalmente depois da estigmatização da empresa federal pela sucessão de escândalos, com repercussão internacional. Mas o governo como um todo precisa ser sensível às decorrências.
O brasileiro tem de estar consciente da dura realidade a que fomos lançados. Muito mais de doloroso virá pela frente e que não será hostilizando o governo Temer que a situação melhorará, pois vivemos agora os efeitos desastrosos de um período pretérito.
Ademais, não se trata somente de petróleo. O sistema elétrico nacional passa por sérios obstáculos e quem paga pelo desastre é sempre o consumidor, isto é, o cidadão.
Vender ou não vender a Eletrobrás, criada no regime dos militares, é apenas um item na problemática geral. Algo, realmente, muito difícil de se admitir, mas existe e tem de ser tratado com coragem e prudência.
A chuva de 2017–2018, em volumes mais reduzidos do que o esperado, não possibilita confiabilidade às hidrelétricas. Vai apelar-se à termelétrica, de preços elevados. O vento não atende às necessidades complementares do país, nem com ajuda de algum Dom Quixote.
O resultado já está aí. Aumento na conta de luz, inclusive de Minas Gerais, a caixa d’água do Brasil, como dizia o governador Bias Fortes. Preparar os bolsos. Há um consolo: no Amapá, o reajuste nas tarifas será de 37%.
Valha-nos Deus.