Diário de Belo Horizonte publicou em primeira página, dias atrás, uma foto a cores em que mostra a situação em que se encontra uma lagoa em Francisco Sá, depois de seis meses sem chuvas. Uma tristeza imensa, mesmo em região já historicamente sofrida com longas estiagens. A prefeitura informou que todos os rios e córregos do município estavam em nível zero, como a própria lagoa documentava. Seis mil pessoas de 70 comunidades rurais recebiam água transportada por cinco caminhões pipa do Exército, benefício ameaçado de suspensão.
Olinto da Silveira e a esposa Yvonne de Oliveira Silveira, escritores queridos e conceituados, casal sem filhos, deixaram uma publicação preciosa, como outros autores sobre a cidade, outrora Brejo das Almas. Aliás, o título do belo livro de Olinto e Yvonne, que sempre se lê com prazer é o segundo com o título, pois antes já Carlos Drummond de Andrade lançará um de poesia. O ora comentado resume fatos da história local, a partir da devastação do território mineiro lá por 1696-1710.
O primeiro nome foi Cruz das Almas das Catingas do Rio Verde. Em seguida, Brejo das Almas e, finalmente, Francisco Sá.
Atentemo-nos. O Brejo foi fundado em 1722, graças a Gonçalves Figueira e pertenceu a Montes Claros, passou a distrito, e em 1923, conseguiu autonomia, com “terras férteis, permitindo desenvolvimento rápido, dando oportunidade a todos que queiram trabalhar. Haroldo Lívio, advogado e escritor, uma das figuras raras em termos de bom caráter (que tanto ora falta), conta que o nome de Francisco Sá foi outorgado para substituir o antigo Brejo, porque a antiga sesmaria do Brejo de Santo André, berço do notável engenheiro e flamejante orador da República, ali nascera.
Francisco Sá apareceu em cena na vida brasileira, foi ministro da Viação e Obras Públicas, no governo do presidente Epitácio Pessoa e fez muito pelo país. Hoje, seu nome está numa rua de Copacabana, numa estação ferroviária, em via pública do bairro Gutierrez em Belo Horizonte, em uma avenida e em busto erguido em praça pública em Diamantina, em Janaúba numa rua no centro da cidade.
Quem chegar de trem a Montes Claros, minha cidade natal, deparará na praça fronteiriça à estação ferroviária com um belo e grande monumento em sua honra. Sem contar uma escola primária e uma avenida.
Na base da estátua junto à ferroviária, há agravada em granito a expressão com que o engenheiro foi saudado: “Este foi o nosso melhor amigo”. Em Francisco Sá, nasceu o mais jovem presidente da Assembleia Legislativa de Minas, em todos os tempos, Antônio Dias. São insuperáveis as belezas naturais da região e da cidade. Mas precisa chover.