E agora José? Perguntaria o poeta de Itabira, mais uma vez. Passado o carnaval, festa tornada nacional num país do hemisfério sul em terra descoberta por Cabral na metade do século XVI, o novo mundo que vai fazer? Como proceder a enorme população após a extraordinária eclosão no período superfestivo?
Respostas dificílimas dos dias e noites de imensas e imponderáveis festanças, cuja exuberância ou exagero atrai turistas procurando confirmar se assim mesmo se procede neste país, acima e abaixo da linha do Equador.
O José, convidado ou instado a responder à interrogação do vate mineiro, encontra dificuldade para contestar. Há epidemias grassando por aí, depois que a maldita Covid-19 perdeu o privilégio de pandemia. Mas sucedem-se as enfermidades; isoladas ou em penca, persistem na interminável relação das patologias humanas.
O carnaval contribuiu com melhoria no sentimento e nas disposições de ânimo de uma população acostumada a sofrer?
E agora, José, ou que outro nome se queira impor à interrogação. Que será depois da festança? Haverá moradores de rua ainda sob viadutos e marquises, enquanto a chuva pode despencar impiedosamente? Não ponhamos maldades e más perspectivas depois que a temporada alegre se consumiu.
Melhor omitir a insuficiência alimentar registrada pelo IBGE e outras entidades ou organizações de pesquisa. Nada de mau olhado ou outras pragas que infestam ou infernizam a vida dos esquecidos dos poderes públicos ou dos detentores do poder que têm demais afazeres e compromissos.
Os tempos são outros sim, mas não diferem substancialmente dos pretéritos. Exigem muito de todos, sem deixar de ferir mais profundamente os menos providos de bens materiais e de horizontes animadores.
Agora, temos a Inteligência Artificial, capaz – quem sabe? – de prever e prover em favor dos carentes e necessitados. Era o que imaginavam os sonhadores. Confiava-se que a IA viria para ficar e dar solidez aos sonhos. Mas ela apenas parece existir para substituir o homem em determinadas missões e tarefas.
Somemos em favor do futuro e dos justos. Pelo menos, os devaneios ainda são permitidos. Amém!