Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Efeitos da Covid

10/11/2020 às 19:46.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:00

Se contado, muitos duvidariam, certamente. Mas, é fato. A Academia Montes-Clarense de Letras, por proposta do acadêmico Édson Ferreira Andrade, abriu um concurso de poesias neste ano, para quem desejasse ver sua criação em uma antologia, tendo como mote a pandemia do coronavírus. Poder-se-ia pensar que se tratasse de promoção sem maior repercussão.

Não foi, contudo. Segundo a presidente da AML, Maria da Glória Caxito Mameluque, chegaram-lhe 977 colaborações, procedentes de distantes cidades e regiões. A comissão julgadora, composta – além dos mencionados – pelas acadêmicas Karla Celene Campos e Ivana Ferrante Rebello, se surpreendeu:

O primeiro texto recebido era de uma brasileira residente em Wevey, na Suíça, bela cidade às margens do Lago Geneve, onde nasceu a Nestlé, em 1867. Lá viveu Charles Chaplin, durante 25 anos, até a morte, repousando seus restos no cemitério local, sua casa transformada em museu. Não era só. Outro poema chegara do Japão, da brasileira Edweine Loureiro, nascida em Manaus e residente na capital nipônica.

A Antologia Nacional de Poesias, assim, superou as expectativas, evidenciando prestígio do sodalício que a organizou e, além disso, demonstrando a importância de Montes Claros, uma cidade do sertão mineiro, no cenário literário do país. Se fosse necessário mais do que a presença de dois de seus escritores na Casa de Machado de Assis: Darcy Ribeiro e Cyro dos Anjos.

Outros há que poderiam lá estar. Digno de nota é revelar o que Montes Claros significa nesta nação de mais de 200 milhões de habitantes. Além do mais, a sua Academia, chegando aos 54 anos, ganha fôlego jovial, ousa desafiadores voos, e conquista novos espaços, como salienta Karla Celene Campos, e reafirmando que “a vida, matéria-prima do poeta, manifestou-se, pois o chamado da poesia singrou espaços, destruiu barreiras, marcadas pelo isolamento social, impostas pela quarentena”, como registrou a professora Ivana Ferrante Rebello.

Em verdade, o norte-mineiro não para, não se cala, revela-se a cada dia e hora. Bastaria conhecer mais de perto a produção de suas entidades no campo das letras e das artes.

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