Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Fugindo da Venezuela

10/09/2021 às 15:37.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:51

Época de Chávez. Em julho de 2000, elegeu-se presidente da República com mandato até 2006. Em março de 2002, como lembra Carlos Taquari, houve uma tentativa de depô-lo por um grupo de militares e empresariado. Falhou. Dois dias depois, retornou ao Palácio.

De volta, o presidente investiu contra o Judiciário e tentou silenciar a imprensa. Aquele poder passou ao controle do Executivo por decreto. Em 2013, conseguiu novo mandato, para  chefia do governo. Em 27 de maio de 2007, ele fechou a TV de maior audiência, com 53 anos de existência. Deixaram de operar 34 rádios. Criaram-se novas emissoras sob controle oficial e subsidiadas com verbas públicas.

Em 2008, pesquisas previram o fracasso  no pleito seguinte;  272 candidatos da oposição foram impedidos de participar da eleição. O presidente confirmou que desmontaria “progressivamente o conceito de propriedade particular, garantindo a socialização dos meios de produção”. Bonito de dizer, horrível nas práticas.  

Em 2022, completam-se 30 anos da aventura de golpe no país. O espectro da ditadura militar, contudo, escapou dos quarteis, na figura de Hugo Chávez, que liderara uma tentativa de golpe, coordenada  por oficiais que julgavam chegada a hora de livrar a nação de um governo que não satisfazia às demandas da população. Chávez foi um dos golpistas presos. Sete meses após, novamente entraram e fracassaram. 

Segundo Taquari, na ofensiva contra o setor privado, o governo estatizou as telecomunicações, as cimenteiras e prestadoras de serviços ao setor petrolífero. E mais: “o Estado venezuelano que, em 2009, já dominava um terço da atividade econômica, assumiu o controle das siderúrgicas, da petroquímica e até de empresas médias do setor alimentício”. 

Tudo tem de ser planejado, estudado, projetado, sobretudo por quem entende do riscado. Não se pode ir entregando o que se possui a aventureiros, pois eles existem em todos os lugares e tempos. A administração se viu obrigada a admitir a escassez de eletricidade e de água. Veio a recomendação:  que os cidadãos limitassem a duração dos banhos a três minutos, não usassem ar-condicionado, não ligassem a luz à noite para ir ao banheiro, usando uma lanterna para não acender a lâmpada. 

O presidente Hugo Chávez, ex-militar, era supostamente sábio do totalitarismo para uso pessoal... e dos prosélitos.  Atacado por câncer tentou tratar-se em Cuba. Não deu certo e faleceu. Seu sucessor, Maduro, é o que lá está, pagando muito bem os colaboradores próximos.  Mas na Venezuela, com uma das maiores reservas de petróleo, do planeta, o povo passa fome e foge para o Brasil. Logo para cá?

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