Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Grandes causídicos na ABL

25/09/2018 às 19:26.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:38

Transposta a metade do ano, Fabio de Souza Coutinho, através da Thesaurus, editora de Brasília que tanto divulga as vozes mais representativas da capital federal, nos premia com “Juristas na Academia Brasileira de letras”, mostrando quantos que se dedicam ao direito chegaram à Casa de Machado. Atende o autor ao sugerido por Miguel Torga (escritor português que viveu na Zona da Mata Mineira): “será preciso primeiro quebrar a nossa luneta de horizontes pequenos e alargar, depois, o compasso com que habitualmente medimos o tamanho do que nos circunda”. 

Fabio de Sousa Coutinho, ex-integrante da Comissão de Ética da Presidência da República, membro do PEN Clube do Brasil e da Academia Brasiliense de Letras e presidente da Associação Nacional dos Escritores, soube e sabe fazê-lo com propriedade, como observa no prefácio Rossini Corrêa, também advogado, escritor e filósofo do direito, ao registrar que o autor é filho direito de Thoth, o deus egípcio da escrita, criador dos hieróglifos e revelador das artes da redação, aritmética, ciências e magia. 

Assim se pode opinar. Efetivamente o ensaio é notável, merecendo a publicação “expressiva contribuição à interpretação da cultura brasileira, no cruzamento das vertentes do direito e da literatura”.

Cumpre-se plenamente o projeto, pois se desvelam nomes expressivos da advocacia brasileira, que conquistaram lugar privilegiado na entidade fundada na ex-capital do país. Reverenciam-se os bacharéis que tomaram lugar na Casa do Bruxo do Cosme Velho, a começar por Rui Barbosa, Lúcio de Mendonça, Clóvis Bevilaqua, Joaquim Nabuco e Rodrigo Octavio, consagrados pelos amantes da boa leitura e da cultura.

O ensaio nos aproxima dos mestres do direito que chegaram à ABL, lembrando os iniciais ocupantes das cadeiras, como Rui Barbosa, hoje visualizado em grêmios literários, placas de ruas e praças públicas; Lúcio de Mendonça, a que se atribui a ideia de criação da Academia, membro do Supremo Tribunal Federal; ainda Clóvis Bevilaqua, cearense, a que se deve o anteprojeto do Código Civil, de 1916, primeira lei de direito privado editada entre nós; Joaquim Nabuco, de que muito se fala e pouco se conhece. Da importância de Rodrigo Octavio recordaria, à guisa de curiosidade, que as sessões ordinárias da ABL foram realizadas em seu escritório da rua da Quitanda, no velho Rio. 

A geração seguinte se forma com os mineiros Pedro Lessa e Lafayette Rodrigues Pereira e João Luiz Alves, e com Levi Carneiro, Pedro Calmon, Barbosa Lima Sobrinho e Alfredo Pujol. Lafayette foi membro da Corte de Arbitragem de Haia, Bessa (natural do Serro) foi consagrado como o Marshsall brasileiro pela ampliação do instituto do habeas corpus e João Luiz Alves, ministro da Justiça e do Supremo, ao tempo de Bernardes.
Levi Carneiro foi o primeiro presidente do Conselho Federal da OAB; Pedro Calmon, historiador, educador, revelou-se notável orador; Barbosa Lima Sobrinho, que viveu 103 anos, primeiro signatário do pedido de impedimento de Collor; o fluminense Alfredo Pujol, um dos entusiastas da obra literária de machado. 

Fabio também focaliza Aníbal Freire, Cândido Motta Filho, Hermes Lima, Evandro Lins e Silva, Oscar Dias Corrêa, Cândido Pontes de Miranda, Raymundo Faoro, Miguel Reale, Evaristo de Moraes Filho, Alberto Venâncio Filho, Celso Lafer e Joaquim Falcão, os últimos dos atuais quadros da Academia. Excelente o ensaio. Ganha quem o ler.

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