Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Koch crescendo

Publicado em 26/04/2023 às 06:00.

Belo Horizonte teve fama de ser a cidade que abrigava o maior número de tuberculosos do Brasil. O clima era bom, ameno, servia perfeitamente aos que padeciam de doenças respiratórias e para receber os que pretendiam recuperação. Instalavam-se pensões exclusivamente para hospedar os enfermos. Uma época difícil.

A Santa Casa, fundada em 1899, cumpriu então a missão de receber esses pacientes. Assim, em 1910, inaugurou o Pavilhão Robert Koch para internação dos já diagnosticados, construído na área interna do terreno de que dispunha. Logo se constatou que havia necessidade de mais leitos, criando-se o Pavilhão São Carlos, só para sexo masculino, enquanto o interior se destinava ao feminino.

A cidade crescia e também a tuberculose. Assim, com 100 leitos especializados para a patologia, construiu-se e se pôs em funcionamento em 1934 o Hospital Imaculada, só para tuberculosos e onde se iniciou a cirurgia torácica na capital.

Belo Horizonte, graças em grande parte à Santa Casa de Misericórdia, conseguiu vencer a empreitada, contando com esforços médicos, com o interesse do governo e, em determinado momento, a Juscelino, já presidente da República.

No entanto, o problema volta a ameaçar em dimensões nacionais. O mal estava superado apenas temporariamente. Presentemente a enfermidade mata 14 pessoas por dia no país - uma a cada 36 horas em Minas Gerais.

No ano passado, foram 78 mil novos casos em território nacional, sendo 3.893 apenas em Minas Gerais. Observe-se que, são expressivos os dados relativos aos menores de 15 anos, revelando o maior índice desde que a pesquisa começou a ser feita pelo governo federal, em 2012. Considerada a subnotificação, admite-se, consoantes informações da Organização Mundial de Saúde, que a doença atinja alto percentual  entre as patologias estudadas.

É hora de todos ficarem atentos e com sentimento no problema. Não se admitirá um novo retrocesso, na segunda década do século XXI. Já perdemos numerosas vidas durante o período anterior, que inclusive gerou má referência sobre a Capital, embora as reconhecidas vantagens que se ofereciam aos doentes procedentes de toda a nação.

A ciência evoluiu sim, mas a população tem de ajuda-la e a si mesma, não faltando às medidas profiláticas existentes, a começar pela vacinação contra diversas patologias.

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