O Carnaval 2025 passou. Sua realização coincidiu com a escolha nos Estados Unidos das melhores produções do cinema mundial. O filme “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, entrou para a história.
Ao ser classificado como a melhor produção internacional, tornou-se a primeira película brasileira a conquistar o maior prêmio do cinema.
As perdas caíram como estigma inapagável na vida dos familiares dos 434 mortos e desaparecidos durante o fatal período. Este é o número dos que se tornaram vítimas e foram catalogados pela Comissão Nacional da Verdade, que receberão como deferência do Estado, gratuitamente, as certidões de óbito dos parentes, atualizadas.
Este ano, a cerimônia do Oscar apresentou várias mudanças ao longo de suas três horas de duração. Mas para o Brasil e os brasileiros, elas foram muito maiores, porque mais profundas, não somente pelas expectativas de sucesso com que o final era ansiosamente aguardado. Havia mais que os aspectos técnicos e artísticos em jogo. É que se tratava de um enredo especial, envolvendo a vida da nação, do cidadão, da família, do amor à liberdade.
Enfim, o filme é a edição para as telas de um dos momentos mais cruéis da história do país. Julgava-se, até certo ponto, personagens, que participaram da vida da maior potência do Hemisfério Sul das Américas. O jornalista Luiz Carlos Azedo, que acompanhou de perto aquela época dolorosa, comentou: “Ainda estou aqui é um recorte dos 21 anos de ditadura militar, um tormentoso processo político marcado por sequestros, torturas e assassinatos, a partir do drama familiar de Eunice, viúva do ex-deputado Rubens Paiva (PTB-SP), que desapareceu num quartel do Exército no Rio de Janeiro.
Com a festa do Oscar 2025, leva-se à cena um período difícil e perigoso da história do país. A película, que não conseguiu brindar Fernanda Torres como a maior atriz do mundo, põe em exame e julgamento a própria democracia no país, ainda sujeita a ventos fortes e tormentosos.