Manoel HyginoO autor é membro da Academia Mineira de Letras e escreve para o Hoje em Dia

Minas permanece em alerta

15/07/2016 às 19:05.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:19

Um belo-horizontino no ministério de Temer. Poucos talvez o saibam, consoante a tradição de que Minas trabalha em silêncio, um slogan do tempo de Magalhães Pinto, governador do Estado. Pois bem, o novo ministro é Fabiano Augusto Martins Silveira, do Ministério da Fiscalização, Transparência e Controle da União, a antiga CGU. 

Formado em Direito pela UFMG, com pós-graduação pela PUC e na Itália, Fabiano foi membro do Conselho Nacional do Ministério Público, liderado pelo hoje procurador-geral da União, Rodrigo Janot, e servia como conselheiro do CNJ, presidido pelo ministro Lewandowski, do Supremo.

O ministro, ao assumir o cargo, criado pela Medida Provisória 726, passa a exercer papel da maior relevância, principalmente pelas circunstâncias atuais do país. Ele declarou: “Nossos esforços continuam sendo conjuntos para dar ênfase às medidas de combate à corrupção. Esse é um direito dos cidadãos brasileiros”.

Adiante, afirmou: “Transformar a CGU em um ministério é uma forma de dar maior visibilidade a esse que se tornou um órgão no qual a sociedade confia plenamente e por isso manteremos todas as funções da Controladoria”.

Muito trabalho pela frente para missão árdua. A nova pasta segue como órgão central do Sistema de Controle Interno e do Sistema de Correição, ambos do Executivo Federal, mantendo todas as atividades relativas à defesa do patrimônio público e ao incremento na transferência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção, e ouvidoria.

Tudo isso demonstra, mais uma vez, que Minas jamais se omite, principalmente nos momentos graves da vida republicana, como aliás o fez na monarquia. Fatos e personagens o comprovam à suficiência. E o Manifesto dos Mineiros sintetiza a posição da gente das montanhas no sistema político implantado em 1937.

O período que se atravessa preocupa. O Brasil exige medidas que impeçam a perenização do clima de suspeição e de corrupção, que tornou a nação motivo até de chacota em nível internacional. O Brasil que agora temos não é o que queremos para os brasileiros. Nosso conceito, em âmbitos interno e externo, está duramente ferido por acontecimentos recentes.

Em verdade, cumpre à geração de agora, conhecedora do mar de lama em que nos enchafurdamos, a tarefa magna de ajudar a levantar-nos. Como no Manifesto de 1943, “queremos espaço realmente aberto para os moços, oriundos de todos os horizontes sociais, a fim de que a nação se enriqueça de homens experimentados e eficientes, inclusive de homens públicos, dentre os quais venham a surgir, no contínuo concurso das atividades políticas, os fadados a governá-la e a enaltecê-la no concerto das grandes potências...” Minas, fiel a si mesma, jamais abandona sua instintiva inclinação para sentir e realizar os interesses fundamentais de toda a nação. Aos maus brasileiros, aos que nos traem diariamente nos conciliábulos da perversão administrativa, financeira e social, resta o caminho do calabouço.

A grande imposição deste momento, quando paira sobre o país a pesada nuvem da corrupção, é definir quem realmente se aliou no combate a essa perversidade e aqueles outros que apenas fazem de conta.

Jesus já disse: o homem não pode montar simultaneamente dois cavalos, nem pode estender dois arcos. O servo não pode servir a dois senhores; se ama um, odiará o outro. 

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