A economia já perdera fôlego no final do ano passado, como se constatou pelos indicadores. Passados o Natal e as festas tradicionais, começou-se a pensar em 2023, sonhando perspectivas não sombrias, disseminadas por todos os países. No Brasil, os fatos registrados no primeiro mês já adivinhavam pesadelos.
Em minha terra, houve o verde, patrocinado pelas chuvas que chegavam, pacificando os corações e alegrando. Registrou-se a sucessão nos cargos mais altos da administração pública, depois dos bravios debates da campanha eleitoral não reconhecida como educada e respeitosa. Uma verdadeira guerra.
O professor universitário e jornalista, com longa experiência em grandes veículos brasileiros de comunicação, Aylê-Salassié, de seu quartel em Brasília, já em 5 de janeiro, prenunciava “as festas de posse e da transmissão de cargos, que não conseguem esconder o cenário desolado, sombrio mesmo que, com que se estabelece, silenciosamente, na Praça dos Três Poderes e dentro daqueles edifícios verdes da Esplanada. Tudo coincide com o fim da era Pelé, menino pobre que, com ousadia e criatividade pessoal, contribuiu para que os brasileiros se orgulhassem de seu país com todas essas ambiguidades, sem a necessidade de fazer guerra com ninguém, nem com Maradona, que virou seu amigo”.
Estas aparentes divagações emergem quando o presidente da República determinou a exoneração do ministro do Exército, nomeado em dezembro findo. Um ato até certo ponto inesperado, porque o novo ocupante do Palácio do Planalto parecia profundamente interessado em esquecer um passado bem recente e unir em torno da nova gestão as Forças Armadas, em que tanto o antecessor procurara influenciar visando à continuação do quatriênio, mesmo que mediante golpe.
Aliás, este motivou, incontestavelmente, o 8 de janeiro, uma nova data na crônica do Brasil sempre litigante em seus meandros. O ministro da Defesa Civil seguiu a orientação mais alta. Exonerou o chefe do Exército e nomeou outro incontinenti. A sorte estava lançada.
Luiz Inácio partiu para Roraima para ver a situação dos yanomami em emergência. O titular da Defesa foi claro e explicou que as relações no comando do Exército tinham sofrido uma fratura, que cumpria resolver com segurança e rapidamente. Aconteceu antes que um mês preocupante para a nação cerrasse as cortinas. Ainda bem.