Professor, jornalista, escritor, consultor jurídico da Câmara dos Deputados, Edmilson Caminha, cearense por nascimento, é hoje, incontestavelmente, um dos mais conceituados e aplaudidos cronistas e articulistas do Brasil, e incluo-me entre seus admiradores.
Em 2008, publicou pela Thesaurus, de Brasília, “O monge do Hotel Boa Vista”, contendo parte da correspondência trocada com o não menos importante autor Antonio Carlos Villaça, falecido no Rio de Janeiro.
Villaça elogia uma pequena obra-prima de nossa ensaística: Retrato do Brasil, de Paulo Prado, realçando as qualidades desse “paulista, culto e rico, aristocrata e intelectual, coisa bastante difícil de ver hoje em dia”.
Em carta, ele comenta com Caminha que 1982 parece 1928, no pensamento de Prado: “O que mais me impressionou no livro foi a sua surpreendente e, de certa maneira, decepcionante, atualidade: o ‘post-scriptum” poderia ter sido escrito não em 1928, mas hoje, prova de que este pobre e mal disfarçado país pouco mudou nos últimos cinquenta anos, em sua tacanhice política e cultural.
“O Brasil, de fato, não progride; vive e cresce, como cresce e vive uma criança, doente no lento desenvolvimento de um corpo mal organizado” (pág. 143).
“Na desordem da incompetência, do peculato, da tirania, da cobiça, perderam-se as normas mais comezinhas na direção dos negócios públicos” (pág. 145).
O analfabetismo das classes inferiores (...) corre parelhas com a bacharelice romanticado que se chama a intelectualidade do país” (pág. 146).
"Um vício nacional, porém, impera: o vício da imitação” (pág. 146).
Sobre este corpo anêmico, atrofiado, balofo, tripudiam os políticos. É a única questão vital para o país – a questão política (pág. 147).
A questão militar, mal de nascença de que nunca se curou o país.
No último triênio de 2022, cada brasileiro poderia bem fazer uma análise ou meditação sobre o que ora ocorre. Em que evoluímos, se melhoramos, se o povo está satisfeito e feliz, como espera o quatriênio administrativo que se começa.
É um novo tempo, confiando-se em que se pode propiciar melhor futuro para a nação, com mais igualdade entre todos os segmentos sociais. Nossa gente merece.