Foi incontestavelmente um acontecimento que marcou o mundo a reunião do G-20 no Brasil, neste quase finado 2024. Definido o local apenas em maio do ano passado, no encerramento da cúpula de 2021, em Roma, o Brasil nunca recebera a incumbência desde a criação do Grupo em 1999.
Foram 82 países, entre os quais os mais ricos do mundo, e 148 organizações internacionais, instituições financeiras e ONGs, que apoiaram a iniciativa e teses nem favor do combate à pobreza e a fome.
Os temas predominaram ao longo das discussões, embora também debatidas as guerras da Ucrânia e Oriente Médio, o combate ao aquecimento global, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e a taxação dos super-ricos.
Prevaleceu e ganhou dimensões a tese da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que agora adquiriu metas e fontes de financiamento. Enfim, são 750 milhões de pessoas em estado de miséria mundo afora.
A reunião do G20, no Brasil, se deu coincidentemente quase com o 17 de novembro, que é o Dia Mundial dos Pobres, pela oitava vez, celebrado a título de repercutir favoravelmente em corações e mentes.
O espetáculo de grandiosidade a que se assistiu no fim de semana na antiga e na atual capital de nossa República adverte para a imensidão do problema que resumiu o objetivo do G20. Deve sensibilizar todos os homens de boa vontade e com algum parecer para a inadiável união de esforços para evitar que o caos atual se transforme na calamidade futura.
O Dia Mundial dos Pobres, convocado pelo Papa Francisco, foi lembrando por excelente apelo de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte. Deixou impresso o alto dignitário: “É preciso superar a gravíssima exclusão social, configurada em muitos cenários de miséria- tantas pessoas sofrem sem o essencial, passam fome. Esses cenários pedem uma reação emergencial e urgente, para inspirar políticas públicas capazes de promover a dignidade humana”(...).
Evoco aqui o padre Antônio Vieira: “Lançai os olhos por todo o mundo e vereis que todo ele se vem a resolver em buscar o pão para a boca. Que faz o lavrador na terra, cortando-a com o arado, cavando, regando, semeando? Busca pão. Que o soldado na campanha, carregado de ferro, vigiando, derramando o sangue? Busca pão. Que faz o navegante no mar, içando, amainando, sondando, lutando com as ondas no mar, e com os ventos? Busca pão... nenhum espírito se nega a dar pelo pão a alma, e nenhum há que não dê pão e ao pão todo o seu cuidado”.